Milhares de pessoas
caminham pelas ruas das cidades, todos os dias, por varias partes do
mundo.
Pessoas e seus pensamentos, trabalho, diversão, problemas, sonhos e metas a ser alcançadas. A neurose da cidade grande, o medo, a desconfiança geral e portanto pouca comunicação de verdade. A fuga: Todos se escondem e correm pra algum ponto, algum lugar ou mesmo algo inventado dentro da própria mente, um oásis na cabeça( isto pra quem ainda é criativo num mundo onde todo mundo passa olhando pra sua telinha do celular). São Paulo não tem praia, pouco verde, muito concreto e milhares de carros. Nas minhas viagens cada vês mais frequentes pelas ruas e becos de New York( o boneco do Mapa do Google) percebo que tudo aquilo parece mais vivo, cores, arvores, o Times Square, pessoas ligadas no barato daquelas enormes propagandas nos prédios de mais de 30 andares. Tem bancos ao longo de vários caminhos pras pessoas pararem e dar um tempo, ficar de “bobeira”, olhando e descansando o corpo e a mente.. Parece que é de “verdade”, uma cidade para as pessoas, o contrario de São Paulo onde pelo menos eu tenho quase sempre a impressão que é um lugar onde a arquitetura tomou um rumo pra que as pessoas não parem muito, somente circulem, trabalhem bastante pra riqueza de poucos e voltem para os seus lares, longe, para dormir e no outro dia fazer tudo novamente.
Li um artigo num
jornal onde um arquiteto conhecido falava sobre a influencia da
arquitetura na cidade, na vida das pessoas e na política e de como
se podia mudar uma cidade rapidamente através disto . Logo
depois de um tempo, ainda na gestão passada vi bancos sendo
colocados nas praças com um ferro no meio para que as pessoas não
deitassem, vi muitas arvores sendo podadas na Av. Paulista para que a
área ficasse mais “limpa” pra que nada se escondesse, nenhum
banco pra sentar, pelo contrario ao longo de um canteiro central, uma
quina dura pra afugentar quem por ali tivesse a “ousadia” de
sentar. A hipocrisia disto tudo é quando vejo alguns comerciais na
TV onde procuram locais e encenam coisas que não faz parte da
cultura local . Isto sem falar na quantidade de pessoas brancas com
traços europeus para que isto se pareça com outro mundo( apesar que
vi isto também em vários países aqui próximos, alguns com uma
população de maioria de origem indígena mas que nas propagandas e
telenovelas o padrão era Europeu..) Pra mim São Paulo ainda
sobrevive, tem um pouco de saúde apesar de tudo, graças a boa
parte das pessoas desta cidade, gente que sempre esta fazendo algo e
transformando o que pode, inventando e também graças aos loucos”,
artistas de rua, artesãos, pessoas que improvisam num simples
passeio de domingo, outro dia vi uma bailarina na calçada tirando
fotos e uma garotinha brincando com o efeito do vento que vinha das
grades do metro, um adolescente misto de punk e glitter com cabelo
rosa e uma camiseta escrito: I love... e o resto da frase algo assim
como esquizofrenia ou algo parecido. Usando uma frase de Jeck
Kerouac: “Aqui estão os loucos. Os desajustados. Os rebeldes. Os
criadores de caso. Os pinos redondos nos buracos quadrados. Aqueles
que vêem as coisas de forma diferente. Eles não curtem regras. E
não respeitam o status quo. Você pode citá-los, discordar deles,
glorificá-los ou caluniá-los. Mas a única coisa que você não
pode fazer é ignorá-los. Porque eles mudam as coisas. Empurram a
raça humana para a frente. E, enquanto alguns os vêem como loucos,
nós os vemos como geniais. Porque as pessoas loucas o bastante para
acreditar que podem mudar o mundo, são as que o mudam”.Pessoas e seus pensamentos, trabalho, diversão, problemas, sonhos e metas a ser alcançadas. A neurose da cidade grande, o medo, a desconfiança geral e portanto pouca comunicação de verdade. A fuga: Todos se escondem e correm pra algum ponto, algum lugar ou mesmo algo inventado dentro da própria mente, um oásis na cabeça( isto pra quem ainda é criativo num mundo onde todo mundo passa olhando pra sua telinha do celular). São Paulo não tem praia, pouco verde, muito concreto e milhares de carros. Nas minhas viagens cada vês mais frequentes pelas ruas e becos de New York( o boneco do Mapa do Google) percebo que tudo aquilo parece mais vivo, cores, arvores, o Times Square, pessoas ligadas no barato daquelas enormes propagandas nos prédios de mais de 30 andares. Tem bancos ao longo de vários caminhos pras pessoas pararem e dar um tempo, ficar de “bobeira”, olhando e descansando o corpo e a mente.. Parece que é de “verdade”, uma cidade para as pessoas, o contrario de São Paulo onde pelo menos eu tenho quase sempre a impressão que é um lugar onde a arquitetura tomou um rumo pra que as pessoas não parem muito, somente circulem, trabalhem bastante pra riqueza de poucos e voltem para os seus lares, longe, para dormir e no outro dia fazer tudo novamente.
Um desses personagens
de São Paulo, um desses “loucos” que transformam a vida das
pessoas que passeiam pelas calçadas aos domingos na Av. Paulista é
um ator, seu nome é Antônio Carlos Teixeira, já participou de
vários comerciais famosos de TV e também teve participações em
novelas e filmes, ao lado de muita gente conhecida da telinha e
atualmente desenvolve o seu trabalho na rua; Uma performance-
intervenção inspirada no quadro “ O Grito” (1893), do pintor
noruêgues Eduard Munch. O seu trabalho mistura a técnica da estatua
viva com citações de poesia e o principal que na sua intervenção
com o publico, que acontece a todo momento o improviso é o que faz o
seu trabalho ser diferente do que tenho visto na maioria das ruas da
cidade. As pessoas param pra tirar fotos, colocar dinheiro no chapéu
e recebem em troca a atenção e poesia na dosagem certa. É muito
diferente e interessante, algumas pessoas no inicio se assustam com o
personagem parado no muro do Casarão em ruínas da Paulista, outras
se divertem e param pra ouvir os poemas, teve uma criança que
passou olhou e comentou com o paí que não valeu porque estatua não
se mexe, claro que o garoto de uns 6 anos pensa que o trabalho que
Antônio Carlos faz é o mesmo das estatuas vivas.
Uma das qualidade das
mais importantes que uma pessoa pode ter, pra mim, é a honestidade,
não falo da honestidade ligada a moral convencional, que foi colocada
goela abaixo pra você nas escolas, igrejas, dentro da sua própria
casa. Isto tem a sua importância na sua formação, mas talvez eu
esteja falando de outra coisa, da verdade relativa da sua curta
existência no planeta, a sua verdade, ser dono dos seus movimentos,
a maioria dos pensamentos, vontade e aí o seus limites e respeito
com o outro. Disto tudo, as suas atitudes se somam a outras tantas
para formar o que chamamos de mundo. Antonio Carlos costuma nas sua conversas falar que um dos problemas do mundo, simplesmente é a falta de amor e no seu caso a honestidade que demonstra, mais a entrega, corpo e alma que faz na sua performance, forma algo parecido como uma entidade junto com o publico nestes domingos no muro do Casarão da Paulista, colaborando por um breve momento que o mundo se torne melhor.
Eu vendo artesanato na
rua, não sou artista mas faço parte deste movimento há muito tempo,
estive vagando pela América do Sul, atravessei o deserto do Atacama de
carona pela Pan Americana, bêbado por uns 15 dias em Cusco no Peru,
Colômbia, Manaus e 10 anos nas praias do Nordeste, Fortaleza. A
ideia inicial era chegar na Califórnia, São Francisco mas quem
manda na estrada é o vento e depois deste giro, já a pelo menos 17
anos estou de volta as ruas de SP, Teodoro Sampaio e Augusta e por ultimo dei a sorte
de baixar a minha “nave”, as peças de artesanato, na Av.
Paulista, no muro da velha mansão; O casarão da Paulista onde o ator
Antônio Carlos tambem desenvolve o seu trabalho. Entre a luta pela
sobrevivência de vender artesanato eu ainda posso ver a performance
de O Grito e ainda assistir ao grande espetáculo que acaba se
tornando a Av. Paulista aos domingos, com as cores que invadem a
avenida, com os artistas, artesãos, pessoas de todas as partes do
mundo, até os prédios que durante a semana parecem mais cinza, neste
dia mudam de cor. Em frente ao casarão no entardecer com o sol se
pondo e o acender das luzes, um conjunto de prédios na minha frente
refletem uma cor de piscina, mar, por causa do efeito dos vidros
espelhados.
SP estava tomando um rumo repressivo, a arte na rua
estava proibida e tivemos que correr muito da policia enquanto
buscávamos uma solução por meio da politica. Agora finalmente foi
aprovada a lei dos artistas de rua que permite o nosso trabalho sem
termos que fugir como bandidos da Policia Militar. Ao contrario da
era “Feudal” que acabamos de passar, parece que a Prefeitura deve
seguir investindo nesta ideia que faz bem pra todo mundo que é
simplesmente a arte na rua e com isto a cidade se transforma em um
lugar pra se viver e não somente pra que pessoas caminhem
apressadas, com medo das outras( Vanderlei)
Foto
- Marcos Xavier Dias
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Performance-Intervenção
Foto
- Marcos Xavier Dias
Performance-intervenção
do ator Antônio Carlos Teixeira. Inspirada no quadro "O
Grito" (1893), do pintor norueguês Edvard Munch, que está no
museu de Oslo, um dos ícones do expressionismo. O trabalho
consiste numa mistura da técnica de estátua viva com textos
teatrais e aforismos de diversos autores; entre eles: André
Breton, Antoine de Saint-Exupéry, Bertolt Brecht, Campos de
Carvalho, Clarice Lispector, Friedrich Nietzsche, Johnny Depp
(ator), Violeta Parra, William Shakespeare, e outros de autoria
desconhecida. A estátua é sugerida, não pela textura, mas
pelo lúdico: a imobilização extrema, o rosto, as mãos e os
pés brancos como o mármore (recobertos de maquiagem branca). Há
uma provocação simbólica de autoprojeção na figura
paralisada, de boca aberta na expressão de um grito. Como se a
figura representada, que grita seu grito existencial e
silencioso, fosse espelho do "outro", do transeunte, do seu
semelhante. Na aproximação de espectador(es) e/ou ao ouvir o
tinir das moedas ou perceber o voo das notas em direção ao fundo do
chapéu, a paralisação da estátua é quebrada
pela verborragia da poesia, a filosofia é pretensiosamente
instaurada. E em algum ponto literal de um texto ou frase, onde
ator e interlocutor(es) respiram e pairam o olhar, a paralisação da
estátua viva é retomada lentamente até a posição
inicial, e, contraditoriamente, imponente com o seu figurino
fragmentado (de retalhos) e colorido, com as cores expressionistas
como a tela de Munch. E é como se a figura apresentada, todos ali e
tudo ao seu redor compusessem uma releitura do quadro.
"O
GRITO é de Edvard Munch, é meu, é SEU, é dele, é dela. O GRITO é
de todos nós." - diz a estátua viva, mais do que viva!
Texto:
Antônio Carlos Teixeira
Revisão:
Daniel Rech Vêga
O Ator.
Antônio Carlos Teixeira, carioca, freqüentador assíduo de
São Paulo há mais de dez anos, sendo que nos últimos quatro anos, resolveu
assumir a capital como cidade residente. De formação teatral, fez parte da Cia
F... Privilegiados no Rio de Janeiro, fundada e dirigida por Antônio Abujamra,
adquirindo forte influência Brechtiana, herdada do mestre e diretor, que sempre
demonstrara em seus trabalhos. Circulou um pouco por televisão e cinema. Participações
em diversas produções da Rede Globo: “Caras & Bocas”, “Beleza Pura”, “Sítio
do Picapau Amarelo”, “Sob Nova Direção”, “Minha Nada Mole Vida”, dentre outras;
HBO e produtora Mixer: “O Negócio”; propagandas:
Postos Ipiranga, Claro Telefonia, Cerveja Kaiser, VR Refeição, Banco da
providência, Dupla Sena, Associação Brasileira de Propaganda, Cartão Visa,
Unimed, sandálias Havaianas e outras; cinema: “A Mulher Invisível”, “Entre
Macacos e Anjos” (em pós-produção) e Zico, o Filme.
Texto:
Antônio Carlos Teixeira
Revisão:
Daniel Rech VêgaArte na Rua
"Qual é a sua estrada, homem? - a estrada do místico, a
estrada do louco, a estrada do arco-íris, a estrada dos peixes, qualquer
estrada... Há sempre uma estrada em qualquer lugar, para qualquer
pessoa, em qualquer circunstância. Como, onde, por quê?"
Jack KerouacAntônio Carlos Teixeira
Carmina Burana/ O Fortuna Carl Orff
Oh, fortuna,
Variável como o
Estado da lua,
Sempre crescendo
Ou decrescendo;
Vida detestável
Agora oprime
Depois alivia
Brinca com o desejos das mentes,
Pobreza,
Poder
Dissolves como gelo.
Destino monstruoso
E vazio,
Tu, roda volúvel,
és malevolente,
Bondade em vão
Que sempre leva a nada,
Obscura
E velada
Também me amaldiçoaste;
Agora - por diversão -
Trago o dorso nu
à tua vilania.
O destino da saúde
E virtude
Me é contrário,
Dás
E tiras
Sempre escravizando;
Então agora
Sem demora
Tange essa corda vibrante;
Já que o destino
Extermina o forte,
Chorais todos comigo.
A origem de Carmina Burana:http://www.das.ufsc.br/~sumar/perfumaria/Carmina_Burana/carmina_burana.htm |
O casarão |
Parabéns pelo texto. É muito bom observar a reação das pessoas com a performance do Grito. Infelizmente a av. paulista tem poucos pontos para os artistas de rua como a calçada do casarão.
ResponderExcluirVocê acertou, aquele trecho é perfeito pra quem faz um trabalho como o dele e pro artesanato diferente também. Outros trechos da Paulista esta muito lotado da mesma coisa e disputado...então enquanto não estragar o lugar, é por alí mesmo.
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