quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Nada como um tratamento de canal se você gosta de ser torturado.


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 Quinta feira, 31 de outubro de 2012, sec: XXI, pego a minha velha  bicicleta e vou na direção do centro de Santo André , tenho que ir ao dentista, estou fazendo tratamento de canal, na verdade nem sei bem o que é isto, mas estou fazendo. O que sei até o momento é que você deita em uma cadeira e passa um bom tempo sem poder fechar a boca, um cara, o dentista, em uma posição mais tranquila fica cavocando, limando, se divertindo pra acabar com a raiz do seu dente doente.. Todos falam mal do PT mas só não vou perder mais dois dentes porque em Santo André você pode fazer isto de graça, com  qualidade, em uma clinica publica.
Eu inventei a minha “ciclovia”, um traçado até o centro, muito mais rápido que ir de ônibus, a única coisa estranha é ver a maioria dos carros passando ao seu lado, muitas naves, com vidros escuros que não dá pra ver nada lá dentro, tudo fechado por causa da insegurança publica. Fico imaginando quem esta dentro do carro, pode estar olhando pra você rindo da sua cara dizendo pra quem esta ao lado; Olha querida este idiota pedalando pela cidade com a sua bicicleta velha e ridicula. Mas fora do ovni de vidros escuros ... a vida, o vento, oxigênio... embora muito poluído.
 Chego no bicicletário da CPTM, muito bom pra mim que vivo reclamando de tudo, ali tenho que manter a boca fechada, tudo funciona e a molecada que trabalha  gosta do que faz. Coloquei a bike no seu lugar e fui assinar um papel para depois retirar a bicicleta. A garota me perguntou; Qual o nome da sua bicicleta, demorei pra responder, depois lembrei que a marca é algo como sundow,  depois de um tempo respondi  dizendo que o nome era Maria Eduarda da Silva. Ela riu, eu disse  que ainda não tinha pensado em um nome, talvez caísse bem um nome de cachorro; Rex ou como bicicleta é do sexo feminino; Jabiraca number two.
Chego na clinica , sento pra esperar a minha vês, mais uma sessão de tortura me espera.
 Hoje quando a minha irmã me ligou pra dizer que eu tinha que passar  na sua casa, eu respondi que iria depois do dentista, se estivesse vivo! O tratamento onde faço é bom, mas tratamento de canal é tratamento de canal, muito tempo com a boca aberta, você leva uma picada e aí o cara, o dentista, fica cavocando, coloca umas limas, então a sua fuga desta situação na cadeira é usar o poder mental,  você pensa naquele dia do passado que você estava  na praia de Jericoacoara por ex: com mulheres lindas( vendo) de todas as partes do mundo, você dá um mergulho, passa no chuveiro e esta de frente pro mar... pior que não funciona, tem um zumbido que é mais forte da maquininha do dentista do lado da sua cabeça. Enquanto eu aguardava a minha hora, ao lado em outra sala a porta estava aberta, quando olhei tinha uma pessoa fazendo o mesmo que eu iria fazer, tinha algo prendendo parte da sua boca e então pude ver que a pessoa, enquanto o dentista foi até a outra sala pegar algum instrumento,  estava com um celular na frente da boca tirando foto. Adolescente, pensei, esta postando no Facebook. Confirmado, quando saiu da sala, devia ter uns 15 anos e estava se divertindo.
Chega a minha vês, sento, ou melhor deito na cadeira encosto a cabeça como sempre e o dentista vai arrumando as coisas e a posição da  cabeça pra fazer o trabalho. Desta vês tem algo errado, a cadeira sobe, mas a parte que regula a cabeça não esta funcionando, depois de varias tentativas eu disse com muita satisfação;  Se não esta funcionando marcamos pra próxima semana... muito bom, ele concordou porque a outra cadeira disponível também não estava funcionando. Saí sem muita bronca, é como adiar o seu pior dia da semana, tudo bem hoje não vou sair daqui com a sensação de ter parte da cara inchada e os dentes quebrados. Na hora de remarcar o tratamento pra próxima semana, os funcionários conversavam e o que pude perceber é que estavam tendo problemas com a troca de Prefeito na cidade. O Prefeito perdeu as eleições e agora com o novo Prefeito muitos funcionários que estão trabalhando,  não são funcionários concursados e vão ter que sair com a nova  gestão em Santo André, então novamente a gente se depara com a velha questão de sempre que atrapalha a nossa vida quase todos os dias, ano após ano, a "PULITIKA” ou melhor a 'PULITYKAGEM VAGABUNDA DE SEMPRE".Vanderlei Prado
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" Enchendo linguiça", pra atrapalhar um pouco mais a sua vida.
 Enquanto escrevia este texto  veio a minha mente uma conversa que tive outro dia  com o meu sobrinho, ele me falava sobre os livros que mandavam ele ler na escola pra ele aborrecidos, chatos
. Segundo ele, o escritor pra dizer simplesmente que foi ao jardim, usava um tanto a mais de palavras pra enfeitar o pavão e isto só fazia ele perder tempo e gostar menos ainda de ser obrigado a ler aquilo que iria cair na sua prova. Pensando nisto agora no final deste texto resolvi fazer uma tentativa de ser um cara chato escrevendo a mesma coisa; Pegar uma bicicleta e ir até algum lugar. Vamos enfeitar o pavão, deve ficar mais ou menos assim; Naquele dia quando acordei, com os olhos praticamente fechados, gosmentos pelas remelas que escorriam pelos cantos se espalhando pelo rosto me dando a clara sensação de sono interrompido , sonhos perdidos, trocados por tarefas pontuais que não poderiam ser naquele momento adiadas, peguei a minha bicicleta antiga de cores disformes, levemente enferrujada pela ação do tempo e descuido e comecei a pedalar, pedalar, pedalar, pedalar, pedalar, pedalar...na direção do centro de Santo André, uma cidade de origem operaria que cresceu baseada no trabalho das inumeras industrias que se instaram na região...
Não, não, acho que não vou conseguir, melhor deixar para os mestres esta tarefa.
O peso/ Boca louca

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