Um domingo, 3 semanas atrás, deixei a minha velha bicicleta no bicicletário de Santo André, embarquei no trem, depois metrô e por fim cheguei a estação Liberdade, passei na feira da Praça e depois resolvi seguir caminhando pela cidade, subi a Brigadeiro e entrei na Paulista no sentido Consolação. Caminhar além de te manter em movimento, faz você ver outras coisas e neste caminho vi uma bicicleta colocada como um monumento, e claro, eu já sabia que na AV.. Paulista havia morrido uma ciclista, vitima do transito, parei li o que estava escrito em protesto e homenagem a pessoa; Márcia Regina de Andrade Prado, e segui o meu caminho pensando sobre o lamentável acidente, a fragilidade da vida e como o transito das grandes cidades do Brasil mata mais do que muitas guerras. A mais ou menos 2 anos passados eu estava dentro de um ônibus, chovia, e na pressa de todos no transito, uma senhora foi atropelada por este ônibus que eu estava, ela ainda teve o azar de cair debaixo da roda. Descemos rápido e todos tentaram salvar esta mulher que ainda estava consciente debaixo do pneu. Uma oficina do lado pegou um “macaco “, levantou o ônibus e levaram a mulher pro hospital, mas fiquei sabendo depois, o que era de se esperar, infelizmente, que ela havia morrido, o pior, foi que eu vi a cena e na correria ela passou na frente do ônibus com o seu saco de compras. Correu pra não chegar a lugar nenhum, devia ter alguém esperando ela chegar em casa com as suas poucas compras.
Outra vez fiquei sabendo de uma criança que morreu atravessando a rua na faixa, foi atropelada por uma moto que simplesmente não parou no farol.
Outra vez fiquei sabendo de uma criança que morreu atravessando a rua na faixa, foi atropelada por uma moto que simplesmente não parou no farol.
Na verdade esta muito difícil se manter vivo hoje em dia, mas eu pra melhorar as minhas chances não confio em muita coisa, só atravesso uma rua depois que, em caso de ser na faixa e estando o farol vermelho para os carros, olhando nos pneus, eles estão parados, depois ainda é bom conferir se não tem nada vindo na outra direção, das calçadas, e motos no corredor. Além de evitar de atravessar ruas correndo, é bom esperar “ limpar o transito”, pra que se possa ver melhor tudo que esta na área que você vai atravessar. A noite pior ainda, porque os faróis altos sem necessidade, podem fazer com que o seu calculo de errado e algo pode surgir do nada e aí, “adios”. Tem aquela frase manjada que diz;”mais vale perder um minuto na vida que a vida num minuto”, eu ainda mudo esta frase para; “ perder até uma hora e seguir mais um tempo no planeta tomando uma cervejinha”.
Com a morte de mais um ciclista:Antonio Bertolucci, as pessoas vão se lamentar, vai haver protesto, mas novamente pouco vai ser feito, porque o “estrago provocado por décadas de descaso, falta de planejamento, educação, e pior, da ignorância da maioria das pessoas que acreditam que o planeta e todas as coisas estão aí para lhes servir, não vai ser revertido. Eu não tenho carro, só ando de bicicleta e convivo com a falta de respeito no transito a todo momento, tem pessoas que param o carro porque tem outro na frente e vem outro atrás e já começa a buzinar, tem carro que sai da garagem do prédio pra calçada já em velocidade acelerada, bicicleta então, muitos se puderem te jogam pra fora da rua. Tem de tudo, pedestre folgado também, ciclista que coloca a bicicleta no meio dos carros, costura e bicicleta não tem torque pra isto, uma pequena falha do seu pé no pedal, se escorregar, você pode virar suco de tomate.
Embora seja errado, pela falta de ciclovias, excesso de carros em circulação e falta de respeito dos motoristas com quem esta pedalando, eu sou obrigado a usar as calçadas, isto em trechos com poucas pessoas e uso as ruas quando fecha o farol, aproveito o tempo dos carros parados e ganho algum terreno e assim desenvolvo a minha tática para a cidade e procuro sempre estar na defensiva para me manter vivo.
Infelizmente a vida da ciclista Márcia Regina de Andrade Prado que morreu na AV.. Paulista e de Antonio Bertolucci não sera trazida de volta e de tantos outros que fazem parte somente das estatísticas do transito assassino das grandes cidades, mas todos tem que pensar muito serio no assunto, um movimento errado pode acabar com toda uma historia e ainda deixar muitas famílias desoladas.
http://wanderart.blogspot.com/p/bicicleta-na-cidade.html
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