sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Pedalando e catando latinhas no ano novo


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2012, para nós do artesanato de rua de SP, artistas e artesãos que não conseguem espaços em feiras de jeito nenhum e que portanto não tem a permissão da Prefeitura para trabalhar legalmente em nenhuma parte da cidade, foi um ano muito ruim, como estar em um outro tempo,outro país, nas épocas de perseguições, ou até mesmo na época da Ditadura Militar. Tivemos um Prefeito ditador, péssimo paras as questões sociais, para as artes de rua. Muitas vezes quando não havia lugar para trabalhar, nenhuma possibilidade de melhora e  eu tinha que escapar da Policia pra tentar a sobrevivência, garantir o minimo, eu lembrava cenas de terror, de filmes que assisti sobre a época do nazismo, onde quem saiu vivo teve que lutar muito e fazer”magica” para não ser pego. Claro que o que aconteceu com os artesãos aqui em SP comparado ao sofrimento e aos massacres durante a segunda guerra mundial não é nada, nem uma garoa fina comparado com aquilo , mas foi um ano muito pesado com um Prefeito tratando tudo o que ele considerava ilegal e não conhecia como caso de policia. Mesmo na rua Augusta, reduto alternativo, underground, a coisa era pesada, com a GCM e a PM fazendo rondas e terror pra cima de quem tentasse vender alguma coisa. Fora isto tivemos que brigar pelo espaço que improvisamos, um degrau de uma loja, quando fechava, com grupos de ambulantes, “zumbis”, moradores de rua e até outras coisas mais pesadas na madrugada
Ultimo dia do ano, nas ruas as pessoas já estavam no espirito de virada de ano, com muitas festas. Eu não sabia o que ia fazer no dia 31, principalmente por não ter dinheiro algum, apenas para o básico. Fui convidado para uma festa na casa de familiares e a outra opção seria ouvir fogos e gargalhadas das festa dos outros, os vizinhos. Já passei esta data de varias formas, festa de família, no meio de multidões de branco na beira da praia desviando a cabeça pra que um rojão não me acertasse, tocando violão perto da fogueira em Jericoacoara ou mesmo dormindo. Um ano que passei em Fortaleza na beira mar no meio de milhares de pessoas empolgadas, a minha namorada na época me perguntou o que eu ia fazer quando o ponteiro do relógio desse inicio ao novo ano; Eu disse que nada e depois fiquei pensando nesta coisa, da expectativa, da loucura, sair gritando, buzinando, nadar pelado no lago gelado entre tantas coisas e cheguei a conclusão que eu devo ser algum tipo de idiota sem graça, nunca planejo ou faço algo estranho demais, surpreendente pra depois ficar contando o ano inteiro. Desta vês igual, com apenas uma diferença, sem namorada, mulher, amigos, nada, somente tive uma ideia de ultima hora pra não ter que ficar fritando o cerebelo vendo festa dos outros pela televisão e ouvindo a festa do lado de fora estourando por todas as casas; Peguei a bicicleta, mochila e comecei a pedalar, no começo ainda no meu bairro sem direção depois tracei um plano de viagem na direção de Ribeirão Pires uma cidade da região, pequena e com cara de interior, já perto da Serra do mar.Uma cidade bonita e tranquila, com muitos bares, vida noturna,então pensei... Deve ter uma grande festa de rua lá. De Santo André até Ribeirão deve ter uns 20 Kms, fui indo e quando encontrava alguma latinha vazia de cerveja, pegava, amassava, colocava na mochila e seguia. Fui pedalando sem pressa, vendo todo o clima de festa de outro modo, os carros indo com pessoas empolgadas, muitas de branco, algumas casas preparadas com as pessoas vestidas, taças, cervejas, um clima bom. Segui pela avenida que na verdade se parece mais com uma grande estrada, em dias normais, de dia sempre esta lotada de caminhões porque tem muitas industrias na sua margem e é rota de ligação de SP com toda a região e baixada Santista. Fui seguindo,nenhum louco pedalando, fora eu, passei por Mauá e no trecho das grandes fabricas que estavam fechadas, dava pra ver vês ou outra um vigia solitário, parecia estar estranhando tudo quando olhava pela cabine pra fora; “Is there anybody there”???. Cruzei com uma das entradas do Rodoanel, fiz uma rápida parada para o banheiro debaixo do viaduto totalmente vazio, enorme, muito espaço, terra vermelha amassada; Um ótimo lugar pra uma grande festa com tochas, fogo, uma banda tocando algo mais nervoso de Niel Young , Stones, Punk Rock, caipirinha, todos os amigos que estão espalhados pelo planeta, os que já partiram também e claro muita mulher bonita sem frescura, que não fique falando de Shoppings, dividas do cartão, carro novo, simplesmente Rock' N Roll! Tudo isto veio na minha mente nestes poucos minutos de uso deste enorme banheiro sem nenhum sinal da presença humana. Hora de partir, novamente na bicicleta, mais algumas latinhas pelo caminho, deixadas pelo pessoal dos carros, algumas já muito amassadas, passei por Mauá e fui pedalando na direção de Ribeirão Pires onde eu imaginava que estaria lotado de pessoas na Praça e que teria a tradicional contagem do tempo, muita musica, seria o meu ponto de parada pra descansar e fazer parte daquilo, tomar algumas cervejas conversar com desconhecidos que poderiam se tornar amigos e recolher algumas latas vazias. O caminho teve trechos escuros, em algumas partes tive que fazer malabarismos pelo espaço dividido com buracos e o rio do outro lado, em algumas partes de calçada muita estreita tinha poste bem no meio e acabei quase batendo em um deles, fora as grandes subidas que com uma bicicleta sem condições de fazer o que eu estava fazendo( a catraca e corrente muito gasta, pula bastante) começou a ficar difícil estas subidas de mais de 500 metros, mas depois tinha a descida, a recompensa, a festa.
Cheguei por fim em Ribeirão Pires, depois de duas horas de pedaladas, cruzei os trilhos da velha estação de trem e pra confirmar mais uma escolha errada, entre as milhares que se somam por varias décadas, não tinha nada, tudo vazio, sem festa, sem bar aberto; “Is there anybody there”??? Nada, somente alguns cachorros, um ou outro bêbado e algum casal solitário. Uma volta pela cidade fantasma, mais algumas latinhas pelo caminho pra se somar e completar a minha meta de pelo menos 70 latinhas, o que me daria a fortuna na venda de $ 2,20 e decidi voltar tudo pedalando e talvez parar em Mauá se tivesse algo de festa na rua. Uma grande subida pela frente, mais uma descida e uma parte plana com muito verde dos dois lados, terra vermelha, alguns sítios e chácaras com luzes e pessoas esperando dar 24 hs,as vilas distantes com alguns fogos e de repente tudo explodiu, percebi pelos gritos e os fogos, agora muito mais forte que havia chegado o novo ano. Atravessei com a bicicleta para o lado esquerdo da pista, havia uma grande maquina, escavadeira de terra parada, abandonada pelo menos por estes dias de festas, terra mexida, um rio quase encoberto pela vegetação e uma estrada de terra indo no meio do mato pra lugar nenhum. Ali me pareceu o lugar perfeito e totalmente fora dos padrões normais pra alguém estar passando a virada do ano, bom para escutar e ver os fogos. O lugar na verdade lembrava locais onde abandonam pessoas mortas, assassinadas, carros roubados, mas não tinha nenhum sinal de algo ruim, nenhuma presença estranha, pelo contrario um lugar muito bonito a noite. Parei com a bicicleta, do lado da maquina e do rio. Havia um grande circulo sem vegetação, limpo pela maquina e dele seguia a estrada de terra batida, estreita, para o mato. Os fogos estouravam de vários lados , longe e dava pra perceber pelas luzes que os focos eram de varias comunidades, vilas. Apesar de eu não ter o mesmo fascínio que a maioria das pessoas tem por estes brinquedos, o jeito e a distancia que estouravam, se intercalando, se juntando, vários sons distantes, depois tudo no mesmo tempo, parecia uma orquestra, com um solo do trem que cruzava cheio de luzes e apitando, vindo de São Paulo para Ribeirão Pires, um concerto para 2013. Fiquei parado olhando e ouvindo tudo aquilo e de repente percebi que naquele momento eu estava no melhor lugar, não precisava de nada, só havia conseguido sentir isto quando viajei por muitos dias em estradas de Minas Gerais ou pelo deserto do Atacama no Chile. A única coisa que me passava pela mente, fora este bem estar, sem ansiedade, sem abraços, palavras, sem copos, salgados, carne, euforia era a lembrança dos amigos e pessoas da família, também das pessoas que já morreram, mas isto também veio de uma maneira leve e desejei sorte pra todos e seguimos na contemplação, porque também havia uma sensação de estar acompanhado ali, o contrario de algumas vezes no meio de um monte de gente que eu procurava um outro canto pra sair um pouco pois não estava conectado com as pessoas. Mais um pouco de fogos e apareceu um monte de gente e crianças de branco na beira da estrada, devem ter saído de uma chácara, gritando feliz ano novo para os carros que passavam.Entrei mais pra dentro da estrada e fiquei até os fogos ir parando. Olhando ao redor, percebi que havia um morro e em cima uma pequena Igreja, quase tampada pela mata. A Igreja se não estou enganado deve ser a Igreja do Pilar de Ribeirão Pires; Uma Igreja pequena e simples mas com grande significado para muitas pessoas e turistas que a visitam e pra mim agora todo este lugar junto com a igreja virou um local magico, sagrado, não teria como eu planejar tudo como aconteceu, tudo foi perfeito, mesmo sem pessoas, gargalhadas, copos e promessas, sem aquela pessoa especial que toda mundo quer ter ao lado nestas horas, desta vês nem nisto eu pensei.
Depois de um bom tempo resolvi pegar a estrada de volta pra casa, pegando latinhas, passando ainda por Mauá e por fim chegando a Santo André as 3 hs da Manhã com quase câimbra e umas 70 latinhas vazias de cerveja. Quando sai nesta pequena viagem eu não tinha ainda um plano traçado, um trajeto, só queria fugir um pouco das festas dos vizinhos e pegar algumas latinhas, mas aquilo foi se tornando uma das melhores partes com significado da minha vida. Pedalar 40 Kms não é nada, tem muita gente que faz muito mais que isto todos os dias, mas o importante é que esta “viagem”funcionou, como abrir mais uma vês aquela porta que esta ali, mas a gente acaba esquecendo, um tipo de encontro com você mesmo pra realmente mudar mais uma vês aquilo que não esta funcionando e fazer a sintonia com o que é mais importante; A vida, a liberdade. Nós perdemos muito tempo fazendo coisas e justificando atos e convenções sociais na maioria das vezes por medo mesmo porque o caminho da verdadeira satisfação, a sua, não a dos outros ou a que indicam pra você a vida inteira não é uma coisa assim tão fácil, mas ...Eu gosto disto, como aquela musica dos Stones; "It's Only Rock'n Roll (But I Like It)"
As latas que consegui, 70, $ 2,20... A parte pratica desta viagem, materialista, financeira é só mais uma história minha de fracassos neste lado necessário da vida. Eu teria que ter ido na verdade pro centro de São Paulo, onde os “profissionais” das latinhas enchem vários sacos com tanta gente bebendo. De qualquer maneira tudo é uma questão de aplicação de matemática; Se você conseguiu 70 latinhas então pode trabalhar muito mais e pegar 7000, depois consegue um caminhão e começa a comprar algumas toneladas explorando pessoas"escravos" que pegam pra você e vender pras grandes recicladoras de alumínio. Ou melhor ainda, juntar algum dinheiro pegando latinhas e investir nas ações das Empresas dos “Grandes Catadores de Latinhas S/A”...
Feliz Ano Novo
Vanderlei do Prado

Fotos/ Google
O trecho foi feito a noite as imagens deste trajeto são de dia porque peguei no mapa do Google, o viaduto por exemplo, "salão de festas" estava bem melhor que esta imagem, maior.
Ponto de partida/minha casa a esquerda
Trecho em Maua











 Grande sala de festas, a noite é mais bonito
Maua











Estação de Ribeirão Pires














Subidas de Ribeirão


Calçada com poste bem no meio

http://www.ribeiraopires.sp.gov.br/interno.php?id=359
http://ribeiraopires.fot.br/Historia/001-PILAR_PARTE_02.htm

 Local onde parei a noite. Depois da ponte entrei pra dentro do lado do rio, era tudo terra e tinha uma escavadeira. Estas fotos que peguei do mapa do Google são de 2011 ou a Prefeitura esta tirando tudo isto que não tinha quando estive lá a noite do dia 31, estacionamento, calçada, vou verificar isto ou algo de estranho aconteceu neste lugar.
09 de janeiro de 2013- Voltei ao lugar e na verdade esta havendo uma obra ao lado do estacionamento. O lugar é o Morro de Santo Antonio, um mirante e não a Igreja de Nossa Senhora do Pilar.
Todos estes lugares valem a pena serem visitados, principalmente pra quem gosta de fazer pequenas viagens de bicicleta. Se a pessoa estiver preparada pode ainda esticar para Rio Grande da Serra, Paranapiacaba, ou até mesmo descer para o litoral. Esta parte já exige mais de quem resolver esticar a viagem. Precisa  ter tempo, preparo fisico e equipamento

domingo, 23 de dezembro de 2012

É Natal...Vamos correr pelas ruas e atropelar algumas pessoas com os nossos pacotes.


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Peguei um ônibus lotado, com  pessoas com cara de Natal, que passou pelo centro de Santo André onde as ruas estão lotadas com pessoas apressadas, com seus pacotes, presentes de natal.
Desci no terminal de ônibus e depois de conseguir atravessar uma simples rua lotada de “misseis humanos natalinus" muito apressados, com os seus presentes, vou para a estação de trem e entro no vagão da CPTM que também esta lotado de gente feliz... com cara  de Natal.
Saiu do trem pego o Metro lotado de pessoas felizes e desço na estação Consolação, Av. Paulista, que esta toda decorada com muitas luzes piscando, enfeites de todos os tipos e pessoas se atropelando para ver todos estes adornos e efeitos luminosos...de natal. Mas esta cidade tinha um Prefeito muito ruim penso eu, então isto é o Natal; Luzes piscando e efeitos especiais. Este Prefeito, foi ( quer dizer, ele ainda esta no poder, sai agora finalmente no dia 31), me fez pensar sob a condição humana, sobre o bem e o mal, um tema interessante, principalmente agora quando aparece o dito espirito natalino, com propagandas apelando para o lado sentimental, pessoas se abraçando, lágrimas que aparecem ao menor sinal de uma imagem com uma musica triste embalando. Nietzsche escreveu muito bem sobre o tema, se não me engano; Além do bem e o mal. Não somos nem uma coisa nem outra, mas podemos optar em ser mais uma coisa do que a outra e se sentir melhor vendo uma pessoa numa condição boa do que em uma ruim, em gostar de ajudar as pessoas para que ela viva bem do que fazer coisas que atrapalhará a vida delas. Felizmente temos muito mais pessoas do lado que gosta de fazer o bem, mas realmente existem pessoas que mesmo tentando disfarçar o seu verdadeiro lado, ruim mesmo, não conseguem deixar de praticar o seu pacote de maldades. Existe realmente o mal personificado que pode vir com cara de anjo, bom samaritano, herói, ou cara de “demônio mesmo”. Eu nunca consegui entender os motivos que levaram Hitler a fazer o que fez e outros do seu tipo, mas vendo o que o Prefeito de SP fez com as pessoas na cidade nestes últimos anos, proibir até as pessoas de doarem comida aos moradores de rua, colocar a PM para perseguir artesãos e ambulantes que dependem das ruas para comer e pagar contas. Eu posso entender que existem pessoas que gostam de ver pessoas sofrendo, gostam de atrapalhar a vida dos outros e daí para virar um monstro como aconteceu com Hitler e outros tantos na história, é só uma questão de configuração, de tempo, cultura e local no mundo. Eu não sou nem tão bom, nem tampouco muito mal, mas posso entender que o “cara coisa braba”, ruim mesmo, existe, talvez a explicação esteja fora do nosso alcance ou seja apenas uma questão de DNA, mas que eles estão por aí é mais do que certo.
Feliz Natal.
Ah! Estava esquecendo de um detalhe, sobre a grande quantidade de pacotes e presentes comprados nas milhares de lojas pelo Brasil afora; A China agradece, é de onde vem a maioria de toda esta mercadoria. Parabéns Brasileiro bonzinho você esta ajudando muito a fortalecer os empregos na China.http://wanderart.blogspot.com.br/search?q=A+chinesiza%C3%A7%C3%A3o+da+economia+no+Brasil














Ramones

terça-feira, 27 de novembro de 2012

All Along The Watchtower/ JImi Hendrix

Tudo Ao Longo Da Torre

Deve haver algum jeito de sair daqui,
Disse o coringa ao ladrão
Lá tem muita confusão,
Eu não tenho nenhum alívio

Homens de negócio, eles bebem meu vinho,
Os homens do arado cavam minha terra,
Nenhum com um nível em suas mentes,
Ninguém fora deste mundo.

Nenhuma razão para estar excitado,
O ladrão que falou amavelmente,
Há muitos aqui entre nós,
Que pensam que a vida é mais uma piada,

Mas você e eu, nós passamos por isso,
E este não é nosso destino,
Então vamos parar de falar hipocritamente
A hora está começando tarde.

Tudo ao longo da torre,
Os príncipes mantiveram a vista,
Quando todas as mulheres vieram e foram,
Empregados descalços também.

Lá fora na distância fria,
Um gato selvagem rosnou,
Dois cavaleiros estavam se aproximando
E o vento começou a uivar.

Tudo ao longo da torre,

Composição: Bob Dylan
 http://www.youtube.com/watch?v=KJB8BUjXSl4



















segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Israel e a nova guerra mundial



Mauro Santayana: Israel e a nova guerra mundial

por Mauro Santayana, em seu blog
Ao convocar 75.000 reservistas para as fileiras, o governo de Israel deixou claro que prepara  nova  invasão terrestre da Faixa de Gaza, como passo prévio a uma aventura maior, contra o Irã.
Desta vez, no entanto, há sinais de que a violência encontrará a resistência dos
 países árabes vizinhos. A visita do primeiro ministro do Egito, Hisham Kandil, a Gaza e a clara advertência do novo presidente, Mosri, de que os egípcios não deixarão os palestinos sós,  deveriam conter os alucinados direitistas de Tel-Aviv, mas não parece que isso ocorra. Ao contrário, há todas as indicações de que se encontram dispostos a ir ao tudo, ou nada.
Ocorre que as coisas mudaram nos países árabes. Os aliados de Israel haviam visto, na primavera árabe, uma democratização à americana, que laicizaria as sociedades muçulmanas e as levaria à absorção pela civilização do consumo. Se assim fosse – era a ilusão de Israel – os palestinos seriam compelidos a aceitar, resignados, o fim de sua luta pela sobrevivência como nação. Rapidamente as coisas se mostraram como são.
Os árabes não saíram às ruas para contestar o Islã, mas com o propósito de recuperar os princípios de solidariedade do Corão e contestar o alinhamento de seus governos aos interesses de Washington. Não é por outra razão que os radicais de Al Qaeda contribuíram para o levante contra Kadafi.
O Egito, sob Murbarak, sempre foi fiel aos Estados Unidos em sua política regional, e aliado confesso de Israel. Com Mosri, a situação mudou. O novo presidente egípcio tem mantido consultas sucessivas com outros chefes de Estado e de governo árabes e reuniu, no Cairo, o presidente da Turquia, Recep Erdogan,  o emir de Catar, Hamad bin Khalifa Al Thani, e outros dirigentes políticos da região, para discutir o problema da Palestina. O emir de Catar visitou recentemente a Faixa de Gaza e doou 254 milhões de dólares para a reconstrução de seus hospitais.
A atitude mais clara do Cairo foi a de enviar a Gaza seu primeiro ministro Hisham Kandil, sexta-feira passada. Israel prometeu que suspenderia seus ataques aéreos contra a área durante as três horas da visita do dirigente egípcio – mas antes que Kandil deixasse a cidade pelo passo de Rafa, reiniciaram-se os bombardeios. Os judeus usam mísseis ar – terra, como o que matou o primeiro ministro do Hamas. E também aviões não tripulados, os criminosos drones. Dezenas de crianças estão gravemente feridas e, entre outras vítimas infantis,

morreu um menino de apenas onze meses.
Se Israel, além de arrasar Gaza, como é o confessado propósito de seus extremistas, atacar o Irã, será quase impossível evitar uma terceira guerra mundial. O momento, sendo de recessão econômica global, é propício ao desvario dos conflitos armados. Como registra a História, nada melhor para o capitalismo do que um grande conflito, do qual ele sempre emerge fortalecido. Mas não parece que, desta vez, os vencedores venham a ser os mesmos.
http://www.viomundo.com.br/politica/mauro-santayana-israel-e-a-nova-guerra-mundial.html

domingo, 18 de novembro de 2012

A bicicleta

Um mestre Zen viu cinco dos seus discípulos voltando das compras, pedalando suas bicicletas. Quando eles chegaram ao monastério e largaram suas bicicletas, o mestre perguntou aos estudantes: “Por que vocês anda com suas bicicletas?”
O primeiro discípulo disse: “A bicicleta carrega, para mim, os sacos de batatas. Estou feliz por não ter de carregá-los em minhas costas!” O mestre elogiou o primeiro aluno: “Você é um rapaz muito inteligente! Quando você crescer você não andará curvo como eu ando.”
O segundo discípulo disse: “Eu adoro ver as árvores e os campos por onde passo!” O mestre elogiou o segundo discípulo: “Seus olhos estão abertos e você enxergará o mundo.”
O terceiro discípulo disse: “Quando eu pedalo minha bicicleta eu fico feliz em ber mio renge quio.” O mestre louvou o terceiro estudante: “Sua mente se expandirá com a suavidade de uma roda novamente centrada.”
O quarto discípulo falou: “Pedalando minha bicicleta eu vivo em harmonia com todas os seres sensíveis.” O mestre ficou feliz e disse ao quarto estudante: “Você pedala no caminho dourado do bondade.”
O quinto aluno disse: “Eu pedalo minha bicicleta por pedalar”. O mestre sentou-se aos pés do quinto estudante e disse: “Eu sou seu discípulo.”
Provérbio Zen


 imagens/Google























Garotas de bicicleta/ Pedalando por SP


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Cada dia que passa, tem aumentado o numero de pessoas usando bicicleta, do que o carro para a locomoção na cidade de SP. Existem vários grupos, o meu por exemplo é o grupo sem grupo, que sempre usou a bike. Neste grupo estão milhares de pessoas que cruzam a cidade em direção ao trabalho, economizando tempo, dinheiro e ainda se divertindo neste trajeto diário, sem contar a questão da saúde, que melhora um pouco. Tem o grupo de ciclistas que se reúnem para um passeio noturno, muitas bicicletas e pessoas de todos os tipos, outro grupo é o dos ciclistas que usam todos os equipamentos, roupas etc, e neste pelotão tem muita gente que normalmente pedala seus 30 Kms brincando. Um outro grupo que chama atenção nas ruas da cidade, também esta parecendo mais um grupo sem grupo, que se espalha por SP é o das garotas de bicicletas ou mulheres de bicicletas. Este pessoal, como na Europa e outras partes do mundo usam a bike para sair na noite, cruzam a cidade tranquilamente, com a roupa que usa quando esta dirigindo ou quando esta no metro, ônibus. Quando estou na rua vendendo artesanato na noite, sempre vejo alguma garota descendo a rua, entre os carros, indo ao cinema, ao mercado, ou estacionando e guardando a bicicleta pra curtir um bar como todo mundo.
Garotas de bicicleta além de deixar a cidade mais bonita e agradável, estão naturalmente, apenas com esta atitude, dizendo aos transito, ao caos da cidade; Ei! Pega leve, viva melhor, se divirta mais aqui na cidade...Eu também estou indo a algum lugar como você, posso também estar atrasada, pago impostos e contas também  e a minha família me espera em casa também como a sua.
Na minha opinião se o resto das pessoas que usam o transito, inclusive nós da bicicleta, cada um fizer a sua parte, a coisa tende a melhorar nas ruas e, principalmente carros motos e veículos pesados quando ver alguém pedalando, manter a distancia que deve manter e respeitar, porque um leve toque e mais uma pessoa pode morrer. Acidentes acontecem, mas a maioria pode ser evitado com atitudes bem simples, uma delas é o respeito ao próximo. Do que você quando estiver dirigindo com pressa, ver um ciclista na sua frente, achar que ele esta te atrapalhando, jogar o carro em cima, tente imaginar que quem esta ali pedalando poderia ser seu amigo, irmão, filho, ou até a sua mãe.





























terça-feira, 13 de novembro de 2012

Violência em SP: Jornais estranjeiros questionam segurança na Copa do Brasil


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Tempos atrás depois dos ataques e do panico gerado em SP, onde pessoas tiveram que voltar correndo e se trancar nas suas casas, depois que carros e ônibus pegaram fogo por conta disto, tivemos a infelicidade de ainda ter que ouvir varias entrevistas na TV e a pior na minha opinião a do Governador Geraldo Alckmim que dizia estar tudo sob controle.
Bom, novamente a violência esta aí na cara de todos. Primeiro que neste caso o que esta havendo é uma guerra mesmo. O que esta acontecendo no Brasil e principalmente em SP é algo que deveria ser tratado como uma epidemia e com urgência. Os jornais estrangeiros questionam a segurança dos turistas no Brasil durante a copa, a questão não é somente isto e sim como um Estado dito Democrático permite esta matança, esta guerra sem nome onde morrem pessoas de todos os lados, inclusive muitas que não tem nada a ver com o que esta por trás disto.
Antes falavam que o Brasil era o país do futuro, agora tem até uma propaganda que fala que o gigante despertou, mas a verdade é outra, por aqui parece que o povo esta sob efeito de algum anestésico, convive com números de mortes no transito e pela violência como se nada estivesse acontecendo. Segue dançando, entre uma noticia de uma chacina, mais uma morte de uma jovem em assalto de carro, abre mais uma cerveja e esta tudo bem. Qual é a próxima novela? A nova velha novela do Dono de Empresas que não quer que a filha se case com o rapaz pobre e a tirana que paneja as suas vitimas. E o povo corre pra casa voltando do trabalho nos trens e metros lotados para resumir as suas vidas nisto. O resultado de uma cultura alicerçada em tanta fantasia não poderia fugir muito do que agora explode. Não que a culpa seja da novela, mas são vários ingredientes que se somam neste caldeirão no país do carnaval, do futebol da alegria e também de muita hipocrisia.
Ontem cheguei de trem de São Paulo e em Santo André não tinha ônibus as 00:30 hs, o comunicado era que estava tudo parado e sem previsão de restabelecimento. Segundo boatos haveria um toque de recolher informal. Quer dizer; Copa do mundo no Brasil? Claro que vão dar um jeito, os turistas não podem morrer, mas nós no momento podemos!!!  Não tem problema algum pelo que parece. Ontem o que fiz foi encarar as ruas desertas e caminhar 5 kms pra chegar em casa, correndo o risco de me transformar em apenas mais um numero das estatísticas da “Gerra a la Paulista”.
O que tinha que ser feito não foi feito nestes últimos 40 anos e agora? Do que procurar acabar com a miséria, administram, fazem remendos. O que esperar de qualquer lugar dividido entre uma minoria de milionários e seus seguidores e de uma outra condenada a escravidão moderna. Um Neymar por ex: pode comprar varias Ferraris por ano se quizer e a maioria dos trabalhadores que lotam os estádios, ralam e ganham uma miséria, precisam se encher de dividas para tentar manter um padrão minimo. E quando perdem isto...
 O que fazer então?Eu diria que um bom começo seria acabar com as favelas. Sabe como se acaba com as favelas; Fazendo reforma agraria decente, redistribuição de renda, melhorando o nível de todos, educação de qualidade, dando moradia decente, ou melhor qualquer Brasileiro tendo condições de ter um bom salario constroe a sua casa com dignidade.Vanderlei Prado
Obs: A incompêtencia é tão grande por parte de muitos políticos que a PM do que trabalhar naquilo que é a sua função, dar segurança a população, na gestão do Prefeito Kassab estava sendo usada para perseguir trabalhadores de rua informais, sem permissão. Inclusive artesãos e artistas de rua;http://wanderart.blogspot.com/b/post-preview?token=Xpzr-zoBAAA.J1u8fhe7HWwD5___VGYCww.Wq-4ylTWEFAeV-JnaJo8wA&postId=8718445886012604172&type=POST

 sobre a origem da violencia ;http://wanderart.blogspot.com.br/2012/02/o-brasil-alem-das-mulheres-lindas.html







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A violência é como uma doença que tem a sua origem no desequilíbrio das partes do corpo, do sangue. A grande violência, o caos social nasce pela incompetência de muitos governos que na verdade não servem nem pra serem sindicos de prédios e do próprio povo que por ser acomodado, não busca informação e coloca pessoas despreparadas para governar.

domingo, 11 de novembro de 2012

Guilherme Varella: Você, internauta, sob dupla ameaça

Marco Civil da Internet: entre o lobby e a liberdade
Guilherme Varella – 09/11/2012 – 12h11
do Última Instância
dica da Maria Frô
Há cerca de dois meses, escrevemos que o Marco Civil da Internet, a principal proposta de estabelecimento de direitos civis na rede, estava na marca do pênalti (“Marco Civil na marca do pênalti”, 05/09/12), pronto para ser cobrado. Prestes a ser tento comemorado pela sociedade brasileira.
No entanto, dois lobbies econômicos muito poderosos conseguiram, além de alterar o ótimo texto do projeto de lei, impedir sua votação: o lobby da indústria autoral e o das empresas de telecomunicações. Na última quarta-feira (7/11), mesmo com a bola no pés, Governo e deputados não cobraram o pênalti. E, se tivessem cobrado, seria um chutão pra lua.
O Marco Civil da Internet – que tramita agora através do PL 5.403/2001 – estabelece os princípios, objetivos, direitos, obrigações e responsabilidades na rede. É a base legal para a cidadania virtual, para o tratamento isonômico dos usuários, para a não discriminação de sua navegação e para a concretização de uma Internet efetivamente livre: para a expressão, para a troca, para a criação, para a inovação, enfim, para o desenvolvimento.
É por isso que a proposta elenca, como um de seus princípios, a neutralidade da rede, para evitar que interesses econômicos injustificados se sobreponham ao direito de todos se manifestarem e usarem a rede como quiserem.
E é por isso também que o projeto estabelecia, no seu artigo 15, a retirada de conteúdos do ar apenas com decisão judicial, após realizado o contraditório e a ampla defesa, em plena consonância com os pilares do Estado democrático de direito. Trata-se de priorizar a liberdade de expressão e o direito de acesso e afastar a censura privada na Internet.http://www.viomundo.com.br/denuncias/guilherme-varella-voce-internauta-sob-dupla-ameaca.html( matéria completa/Viomundo)

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Tarso de Melo: Ser índio em tempos de mercadoria

A recente divulgação da carta que uma comunidade indígena Guarani-Kaiowá de Dourados (MS) enviou à Justiça Federal pedindo que, uma vez que não lhes é permitido viver da forma que consideram digna, seja logo decretada a morte de toda a comunidade, por cruel que pareça, não deveria causar espanto. Condenados à morte, sejamos sinceros, os índios brasileiros já estão há mais de 500 anos, mas a execução da sentença é lenta, torturante e cínica.
O que espanta, desta vez, é que os próprios Guarani-Kaiowá tenham pedido ao seu inimigo mais ou menos declarado – esta coisa que insistimos em tratar como “civilização” – que seja mais sincero. Sim, mais sincero e diga claramente que o índio não interessa, não se encaixa no modo de vida a que todos, sem privilégios (ouçam o eco iluminista…), estamos condenados.
Aprendemos com Marx que o capital libertou o trabalhador da escravidão à força, típica de formações econômicas pré-capitalistas, para submetê-lo a uma forma diversa de escravidão: o trabalho assalariado, a compra e venda da força de trabalho. (Sim, ainda há trabalho escravo – e ele não é incompatível com o capitalismo. Apenas não pode ser a regra, porque a valorização do capital depende de sua circulação também na forma de salário, o que não impede que um ou outro capitalista faça uso da extração violenta da força de trabalho.)
O trabalho como mercadoria é – em regra, insisto – o único compatível com uma sociedade em que tudo é mercadoria, em que o acesso aos bens indispensáveis à existência passa inescapavelmente pelo mercado: pagou, tem; não pagou, não tem.
Ponto final. É óbvio, neste esquema rigoroso de trocas, que não se tolere qualquer exceção à lógica mercantil. Em outras palavras, o que o capitalismo não tolera é a manutenção, em seu mundo, do que não é mercadoria e, ainda por cima, impede o livre desenvolvimento de suas forças.
O que são, afinal, os índios para a ordem capitalista? Um ônus, um entrave, uma aberração, mas que, por não ser conveniente à “civilização” assim declará-los, recebem da nossa Constituição instrumentos para sua proteção que são constantemente “desmoralizados” (e é inevitável usar aqui esta palavra porque a proteção aos índios assume exatamente uma feição moral na ordem jurídica, ao mostrar como somos gratos e responsáveis com nossas, digamos, “origens”), como na decisão da Justiça Federal que exterminou, por enquanto, a paciência dos índios e sua esperança de viver no espaço que a “civilização” reservou àqueles que a antecederam. E sobreviveram à sua afirmação.
A carta à Justiça Federal não deixa dúvida: os Guarani-Kaiowá cansaram de reivindicar o direito de sobreviver como índios e não aceitam viver senão como índios. Não aceitam migrar para o regime do trabalho precário (prestado, no geral, a quem tomou suas terras) ou da mendicância às margens do exuberante mundo das mercadorias.
O “bilhete suicida” que essa comunidade manda para nós, não o tomem como chantagem, “drama” etc. É um “basta”, um “chega”, mas principalmente uma prova de que os índios, com sua habitual sabedoria, entenderam melhor do capitalismo e de sua “civilização” do que nós, que nele estamos afundados até o pescoço – e um pouco mais.
Não só sua própria existência, mas a forma como os índios insistem em mantê-la é uma grande afronta ao capital e sua lógica.
Vejam o que diz a carta: “Nós comunidades cultivamos o solo, produzimos a alimentação aqui mesmo, plantamos mandioca, milho, batata-doce, banana, mamão, feijão e criamos de animais domésticos, como galinhas e patos. Aqui agora não passamos fome mais. As nossas crianças e adolescentes são bem alimentadas e felizes, não estão pensando em prática de suicídio.Assim, há uma década, nesses 12 hectares estamos tentando sobreviver de formas saudáveis e felizes, resgatando o nosso modo de ser e viver Guarani-Kaiowá, toda a noite participando de nosso ritual religioso jeroky e guachire”.
Como assim alimentadas, saudáveis e felizes? Sem ter pago por isso? Este intercâmbio do homem com seus iguais e com a natureza orientado apenas e tão-somente por suas necessidades – do espírito e do estômago – é inadmissível para o capital. Mais ainda: é sobre sua negação que se constituiu a forma como vivemos nos últimos 3 ou 4 séculos.
Os índios, neste contexto, são não apenas supérfluos, mas uma espécie de mau exemplo a ser apagado do horizonte de formas de “ser e viver” à venda – sim, à venda – em nosso tempo. O que será de uma sociedade “sem alternativas” se tolerar uma forma de vida que se nega à troca, ao dinheiro, à concentração da riqueza, ao desperdício? Desta vez, a pedido dos próprios índios, a “civilização” terá oportunidade de declarar o que pensa a este respeito.
A propósito, a Constituição brasileira afirma que “São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens” (art. 231).
Se nossas autoridades, que têm sua função justificada por essa mesma Constituição, não se preocuparem em respeitar tais palavras, será muito difícil evitar que se confirmem a tragédia da carta dos índios e o pessimismo das linhas acima. Mas também será cada vez mais difícil – creio e espero – manter os grupos oprimidos e suas reivindicações dentro de comportados limites legais.
*Tarso de Melo (1976) é advogado, mestre e doutor em Direito pela FDUSP, professor da FACAMP e coordenador de pós-graduação da Faculdade de Direito de São Bernardo do Campo. É um dos coordenadores da coleção Direitos e Lutas Sociais (Dobra/Outras Expressões).http://www.viomundo.com.br/falatorio/tarso-de-melo-ser-indio-em-tempos-de-mercadoria.html
Legião Urbana/ Indios

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Nada como um tratamento de canal se você gosta de ser torturado.


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 Quinta feira, 31 de outubro de 2012, sec: XXI, pego a minha velha  bicicleta e vou na direção do centro de Santo André , tenho que ir ao dentista, estou fazendo tratamento de canal, na verdade nem sei bem o que é isto, mas estou fazendo. O que sei até o momento é que você deita em uma cadeira e passa um bom tempo sem poder fechar a boca, um cara, o dentista, em uma posição mais tranquila fica cavocando, limando, se divertindo pra acabar com a raiz do seu dente doente.. Todos falam mal do PT mas só não vou perder mais dois dentes porque em Santo André você pode fazer isto de graça, com  qualidade, em uma clinica publica.
Eu inventei a minha “ciclovia”, um traçado até o centro, muito mais rápido que ir de ônibus, a única coisa estranha é ver a maioria dos carros passando ao seu lado, muitas naves, com vidros escuros que não dá pra ver nada lá dentro, tudo fechado por causa da insegurança publica. Fico imaginando quem esta dentro do carro, pode estar olhando pra você rindo da sua cara dizendo pra quem esta ao lado; Olha querida este idiota pedalando pela cidade com a sua bicicleta velha e ridicula. Mas fora do ovni de vidros escuros ... a vida, o vento, oxigênio... embora muito poluído.
 Chego no bicicletário da CPTM, muito bom pra mim que vivo reclamando de tudo, ali tenho que manter a boca fechada, tudo funciona e a molecada que trabalha  gosta do que faz. Coloquei a bike no seu lugar e fui assinar um papel para depois retirar a bicicleta. A garota me perguntou; Qual o nome da sua bicicleta, demorei pra responder, depois lembrei que a marca é algo como sundow,  depois de um tempo respondi  dizendo que o nome era Maria Eduarda da Silva. Ela riu, eu disse  que ainda não tinha pensado em um nome, talvez caísse bem um nome de cachorro; Rex ou como bicicleta é do sexo feminino; Jabiraca number two.
Chego na clinica , sento pra esperar a minha vês, mais uma sessão de tortura me espera.
 Hoje quando a minha irmã me ligou pra dizer que eu tinha que passar  na sua casa, eu respondi que iria depois do dentista, se estivesse vivo! O tratamento onde faço é bom, mas tratamento de canal é tratamento de canal, muito tempo com a boca aberta, você leva uma picada e aí o cara, o dentista, fica cavocando, coloca umas limas, então a sua fuga desta situação na cadeira é usar o poder mental,  você pensa naquele dia do passado que você estava  na praia de Jericoacoara por ex: com mulheres lindas( vendo) de todas as partes do mundo, você dá um mergulho, passa no chuveiro e esta de frente pro mar... pior que não funciona, tem um zumbido que é mais forte da maquininha do dentista do lado da sua cabeça. Enquanto eu aguardava a minha hora, ao lado em outra sala a porta estava aberta, quando olhei tinha uma pessoa fazendo o mesmo que eu iria fazer, tinha algo prendendo parte da sua boca e então pude ver que a pessoa, enquanto o dentista foi até a outra sala pegar algum instrumento,  estava com um celular na frente da boca tirando foto. Adolescente, pensei, esta postando no Facebook. Confirmado, quando saiu da sala, devia ter uns 15 anos e estava se divertindo.
Chega a minha vês, sento, ou melhor deito na cadeira encosto a cabeça como sempre e o dentista vai arrumando as coisas e a posição da  cabeça pra fazer o trabalho. Desta vês tem algo errado, a cadeira sobe, mas a parte que regula a cabeça não esta funcionando, depois de varias tentativas eu disse com muita satisfação;  Se não esta funcionando marcamos pra próxima semana... muito bom, ele concordou porque a outra cadeira disponível também não estava funcionando. Saí sem muita bronca, é como adiar o seu pior dia da semana, tudo bem hoje não vou sair daqui com a sensação de ter parte da cara inchada e os dentes quebrados. Na hora de remarcar o tratamento pra próxima semana, os funcionários conversavam e o que pude perceber é que estavam tendo problemas com a troca de Prefeito na cidade. O Prefeito perdeu as eleições e agora com o novo Prefeito muitos funcionários que estão trabalhando,  não são funcionários concursados e vão ter que sair com a nova  gestão em Santo André, então novamente a gente se depara com a velha questão de sempre que atrapalha a nossa vida quase todos os dias, ano após ano, a "PULITIKA” ou melhor a 'PULITYKAGEM VAGABUNDA DE SEMPRE".Vanderlei Prado
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" Enchendo linguiça", pra atrapalhar um pouco mais a sua vida.
 Enquanto escrevia este texto  veio a minha mente uma conversa que tive outro dia  com o meu sobrinho, ele me falava sobre os livros que mandavam ele ler na escola pra ele aborrecidos, chatos
. Segundo ele, o escritor pra dizer simplesmente que foi ao jardim, usava um tanto a mais de palavras pra enfeitar o pavão e isto só fazia ele perder tempo e gostar menos ainda de ser obrigado a ler aquilo que iria cair na sua prova. Pensando nisto agora no final deste texto resolvi fazer uma tentativa de ser um cara chato escrevendo a mesma coisa; Pegar uma bicicleta e ir até algum lugar. Vamos enfeitar o pavão, deve ficar mais ou menos assim; Naquele dia quando acordei, com os olhos praticamente fechados, gosmentos pelas remelas que escorriam pelos cantos se espalhando pelo rosto me dando a clara sensação de sono interrompido , sonhos perdidos, trocados por tarefas pontuais que não poderiam ser naquele momento adiadas, peguei a minha bicicleta antiga de cores disformes, levemente enferrujada pela ação do tempo e descuido e comecei a pedalar, pedalar, pedalar, pedalar, pedalar, pedalar...na direção do centro de Santo André, uma cidade de origem operaria que cresceu baseada no trabalho das inumeras industrias que se instaram na região...
Não, não, acho que não vou conseguir, melhor deixar para os mestres esta tarefa.
O peso/ Boca louca

  Entrevista da Rita Lee na Globo em 2009 https://www.youtube.com/watch?v=EXLb4SLvLEg https://www.youtube.com/watch?v=tdSWaYRexeU   https://...