terça-feira, 18 de junho de 2013

ONU apela para que Brasil garanta manifestações pacíficas

ONU apela para que Brasil garanta manifestações pacíficas e investigue denúncias de violência e arbitrariedade

18/06/2013 - 10h05

Renata Giraldi
Repórter da Agência Brasil

Brasília –  A Organização das Nações Unidas (ONU), por intermédio do escritório de direitos humanos da entidade, defendeu que o governo do Brasil adote as medidas necessárias para garantir a liberdade às manifestações no país. Em comunicado, o escritório recomendou a busca pelo diálogo, o fim da violência na repressão aos protestos e investigações sobre os casos de arbitrariedade.
O porta-voz do escritório de direitos humanos das Nações Unidas, Rupert Colville, elogiou a presidenta Dilma Rousseff por demonstrar compreender os anseios da sociedade. “Parabenizamos a declaração da presidenta Dilma Rousseff ao afirmar que as manifestações pacíficas são legítimas, bem como o acordo na segunda-feira [17] para que a polícia de São Paulo não use balas de borracha”, disse ele.
Porém, Colville disse estar preocupado com os relatos enviados ao escritório das Nações Unidas. Segundo ele, há relatos sobre danos, ferimentos, prisões e detenções e arbitrariedades. “Algumas organizações da sociedade civil têm também denunciado a arbitrariedade de algumas dessas detenções”, ressaltou ele, em entrevista coletiva, concedida em Genebra, na Suíça.
“Instamos todas as partes envolvidas para que se envolvam [na busca por] um diálogo aberto para encontrar soluções para o conflito e as alternativas para lidar com as demandas sociais legítimas, em como para evitar mais violência”, disse Colville.
No comunicado, a ONU diz que os protestos foram motivados pelo aumento dos preços das passagens dos transportes públicos, pelos gastos com a Copa Mundo de 2014 e as Olimpíadas do Rio em 2016. “Com mais protestos planejados, estamos, contudo, preocupados com o uso excessivo da força policial relatada nos últimos dias, [que] não deve ser repetida”, diz o texto.
Em seguida, Colville acrescentou que: “Apelamos ao governo do Brasil a tomar todas as medidas necessárias para garantir o direito de reunião pacífica e evitar o uso desproporcional da força durante os protestos. Também solicitamos às autoridades que realizem investigações imediatas, completas, independentes e imparciais sobre o alegado uso excessivo da força”.
Edição: José Romildo
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 Protestos no Brasil repercutem na imprensa internacional


Abaixo o vandalismo e vivam os vândalos brasileiros

POR JOSÉ RIBAMAR BESSA FREIRE
1968: nota do jornal O Paiz destaca o repórter Bessa Freire em foto do Correio da Manhã 

É. É isso mesmo que você leu. Cada um defende sua tribo. Esse locutor que vos fala já foi chamado de vândalo, sofreu prisão e respondeu processo por danos ao patrimônio público, numa passeata na Rua Uruguaiana, no Rio. Mas isso foi no século passado, em 1968. Acontece que agora muitos manifestantes, que podiam ser meus netos, são presos sob a mesma acusação com ou sem culpa no cartório. Do Oiapoque ao Chuí, a mídia jura que os vândalos tomam contam do país.
"Vândalos provocam destruição em Minas", berra O Globo (27/6) em manchete de oito colunas. "Moradores improvisam 'milícia' contra vândalos no RS" – grita a Folha de S. Paulo (29/6), informando em outro título: "No Rio, 'pitboys' são suspeitos de ataques a concessionárias". Alguns apresentadores de telejornais chegam a encher a boca, saboreando cada letra da palavra.
Afinal, quem são os vândalos? Depende do momento, do lugar e de quem nomeia. Originalmente era uma tribo que falava vândalo, uma língua germânica, e que num conflito armado com o Império Romano saqueou Roma, destruindo muitas obras de arte. Por extensão, no século XVIII, na França, foram assim chamados os revolucionários que na luta contra o feudalismo e a monarquia arrasaram monumentos e prédios públicos. Na Av. Paulista, há quinze dias, vândalo era todo e qualquer manifestante que protestava pacificamente. Hoje, nas capitais brasileiras, são grupos considerados pela polícia como baderneiros.   Muito antes disso, Roma havia sido incendiada, mas não pelos vândalos. Durante dias o fogo consumiu a cidade, transformando o Templo de Júpiter num monte de cinzas. Até mesmo os que suspeitavam que o incendiário era o imperador Nero jamais usaram a palavra vândalo para designá-lo.
De Nero aos dias de hoje, ninguém que vandalizou em nome do Estado foi estigmatizado. O presidente George Bush também nunca foi chamado de vândalo, apesar de ter indignado a comunidade internacional quando comandou o saqueio no Iraque e destruiu, entre outros, o Museu de Arqueologia de Bagdá, sacrificando milhares de vidas humanas, inclusive de civis.
Wandali conquisiti
Ou seja, parece que bárbaros – como queria Montaigne – são sempre os outros, os derrotados, porque quem ganha tem o poder de nomear, de batizar, de dar nome aos bois, de classificar e de dizer quem é e quem não é vândalo. E no séc. VIII, os vândalos foram definitivamente derrotados: Wandali conquisiti sunt. Não sobrou nenhum para contar a história. Diz um provérbio da Nigéria: "Enquanto os leões não tiverem seus próprios historiadores, as histórias de caça sempre glorificarão o caçador".
Um caçador de São Paulo, governador Geraldo Alckmin, com aquela cara de babaca (desculpem baixar o nível, mas que ele tem cara de babaca tem) e o prefeito da capital, Fernando Haddad (que não tinha, mas está se esforçando pra ter)  justificaram inicialmente a repressão policial. Naquele momento, para eles, quem protestava contra o aumento do preço da passagem de ônibus era vândalo. As manifestações cresceram, o governo recuou e finalmente reconheceu que nem todo manifestante era vândalo.
No Rio de Janeiro, o governador Sérgio Cabral, com cara de Alckmin, declarou que a Polícia Civil havia identificado pelo menos cinco grupos que "vem cometendo atos de vandalismo, lesões corporais e furtos". Na lista, estão "os anarcopunks, os militantes de partidos políticos mais radicais (não mencionou quais), os brigões oriundos de torcidas de futebol, os neonazistas e os bandidos de facções criminosas". Faltou nomear mais dois grupos: a própria polícia que promoveu quebra-quebra e os revoltados, que estão putos da vida.
É o que os franceses chamam de ras-le-bol, ou seja, estar de saco cheio. As pessoas não aguentam mais engarrafamentos infernais, transporte coletivo precário, violência policial, insegurança, hospitais recém-inaugurados que não funcionam ou que desabam como no Ceará, estádios caindo como o Engenhão, obras superfaturadas, serviços de saúde e educação que atentam contra a dignidade humana, justiça lenta, enfim a impunidade dos vândalos de colarinho branco. Desconfiam do governo, do judiciário, do congresso, dos partidos políticos e não consideram as oposições alternativa de poder.
Alguns colunistas, assustados, de um lado com a rejeição aos partidos políticos e de outro com o quebra-quebra, tacharam esses manifestantes de vândalos, neonazistas, radicalóides sociopatas, pitboys de passeata ou, como quer Arnaldo Jabor, "vagabundos, punks e marginais que se aproveitam sabendo que a polícia não pode matar". Não querem entender que as manifestações são sintomas da crise de representatividade na qual está mergulhado o país.
As evidências apontam muita gente boa entre os que inicialmente promoveram o quebra-quebra e que simplesmente estavam emputecidos. Usaram o modelo de linguagem da própria polícia que espalha terror e medo em comunidades carentes, como vem fazendo, no Rio, o Batalhão de Operações Especiais, que quebra, mata, esfola e saqueia.
Fioforum infra
Tem forte carga simbólica o fato de que a violência tenha atingido ônibus, pontos de ônibus, relógios públicos, radares, semáforos e equipamentos de apoio ao tráfego que foram destruídos, assim como alguns monumentos e prédios públicos pichados e depredados. Não se trata de defender o vandalismo, porque quem vai pagar a conta somos todos nós, mas de buscar as razões que levam pessoas a manifestarem assim sua indignação.
No século XIX, condições subumanas de trabalho, jornadas prolongadas, salários miseráveis, levaram trabalhadores ingleses da indústria nascente, entre eles mulheres e crianças, a destruírem máquinas e equipamentos industriais, num movimento que ficou conhecido como ludismo em referência a Ned Ludlam, líder do movimento. Karl Marx, que criticou o quebra-quebra, buscou ver a semente revolucionária que ele continha e que foi canalizado para a reivindicação de reformas sociais e políticas e acabou originando novos métodos de luta, com o fortalecimento dos sindicatos.
Esses movimentos sempre trazem mudanças. As cinco pessoas assassinadas no Morro do Borel é que deram origem, em 2004, à Rede de Comunidades e Movimentos contra a Violência, que está convocando agora uma manifestação pacífica neste domingo, durante a final da Copa das Confederações.
- É muito difícil organizar uma manifestação pacífica na rua, no Brasil, porque o Estado é violento", disse à Folha Caio Martins, 19 anos, estudante de Historia da USP, que milita no Movimento Passe Livre (MPL) desde 2011. Ele condenou a polícia que na primeira passeata pacífica lançou uma bomba de efeito moral decepando um dos dedos de uma manifestante.
É evidente que ninguém pode aceitar a destruição do patrimônio ou a agressão às pessoas, sejam elas promovidas pela polícia ou por manifestantes. No entanto, muitas vezes, o aparelho policial busca bode expiatório. Em 1968, num primeiro momento, fui acusado de ter incendiado uma viatura na Rua Uruguaiana. No final, acabaram me processando por haver rasgado a farda de um policial. Nenhuma das acusações era verdadeira.
Quando a Polícia pediu ajuda ao MPL para identificar os vândalos, seus integrantes se recusaram. Poderiam muito bem, reconhecendo que Wandali conquisiti sunt, citar um dos reis vândalos, não sei se Hilderico ou Gunderico: "Fioforum plus infra est", ou como diria Cícero no senado romano:  "O buraco é mais embaixo".
Abaixo o vandalismo!  Vivam os vândalos!

domingo, 2 de junho de 2013

Aprovado projeto que permite o trabalho de artistas de rua em São Paulo

Imagens da era Kassabianamonolitica que espero que fique no passado

Depois de muita luta,( nós do artesanato começamos pela Câmara Municipal em 2003 o que resultou no PL 799/05 que ainda não foi aprovado mas já passou por todas as comissões) foi aprovado na Câmara Municipal o PL 489/2011 este com o trabalho dos artistas de rua de SP. Depois de muita perseguição humilhação, parece que artistas de rua e também artesãos, porque segundo o projeto esta permitido também a venda de artesanatos desde que de autoria do expositor, vão poder "respirar" em SP. Acredito que agora artistas e artesãos tem uma ótima ferramenta para melhorar a qualidade e forma de trabalhar nas ruas. Pode haver problemas, quanto a diversas questões que envolvem a classe, mas com o PL aprovado, os detalhes podem ser discutidos tranquilamente com a Prefeitura. Agora vamos a pratica e para a outra etapa que é ver a lei sendo cumprida. Com esta atitude a Câmara Municipal deu um sinal positivo para a questão da cultura de rua em SP e Haddad assinando demonstrou a sua capacidade para entender a cidade, muito diferente da terrível era Kassab. É isto, Arte na Rua porque se queremos uma sociedade melhor, temos que pensar na educação, cultura de diversos tipos e para todos e na capacidade que estas coisas juntas tem de gerar renda e assim colaborar pra diminuir a violência social. Vanderlei Prado





A feirinha da Teodoro Sampaio que ainda estamos tentando legalizar









terça-feira, 5 de março de 2013

Mídia brasileira ainda reflete a elite escravagista

Laurindo, no Los Angeles Times: Mídia brasileira ainda reflete a elite escravagista

 


Dilma Rousseff, do Brasil, é popular, mas não na mídia
Jornais e emissoras de TV ricas e poderosas tem sido críticas de presidente esquerdista apesar dela não se envolver nos negócios deles
By Vincent Bevins, Los Angeles Times, sugerido pela Guta Nascimento
March 3, 2013, 6:36 p.m.
SAO PAULO, Brazil — Quando o presidente esquerdista João Goulart foi deposto pelos militares brasileiros em 1964, a grande mídia da Nação, controlada por algumas famílias ricas, celebrou.
Mas durante a ditadura de 21 anos que se seguiu, o governo censurou os jornais e as emissoras de TV operadas pelas famílias [1].
Agora as coisas são diferentes. Desde 2003, o Brasil tem sido governado pelo esquerdista Partido dos Trabalhadores, conhecido como PT, que não se envolveu com a mídia.
Mas as publicações e emissoras de TV, ainda controladas pelas mesmas famílias, tem sido críticas do partido, apesar da aprovação pública da presidente Dilma Rousseff chegar a 78%. Nenhuma grande publicação dá apoio a ela, com alguns jornais e revistas particulamente duros em suas críticas.
“É uma situação extremamente única no Brasil ter um governo tão popular sem que haja um grande meio que o apoie ou represente o ponto-de-vista de esquerda”, diz Laurindo Leal Filho, um especialista em mídia da Universidade de São Paulo.
A oposição ao Partido dos Trabalhadores existe desde que o ex-metalúrgico Luiz Inacio Lula da Silva, que já foi preso pela ditadura, foi eleito presidente em 2002. Lula rapidamente se moveu para o centro e se acomodou com as elites empresariais e na década seguinte viu um boom econômico no qual 40 milhões de pessoas sairam da pobreza.
“A sociedade brasileira foi baseada na escravidão por mais de 300 anos e quase sempre foi governada pela mesma classe social”, diz Leal Filho. “Algumas partes da classe alta aprenderam a conviver com outras partes da sociedade previamente excluídas… mas a mídia ainda reflete os valores da velha elite, com algumas poucas exceções”.
A mídia foi amplamente elogiada por duras investigações de corrupção que levaram à substituição de oito ministros do governo Rousseff e 25 autoridades de alto escalão foram sentenciadas por um escândalo de compra de votos do governo Lula. Mas apoiadores do governo dizem que a mídia presta menos atenção à corrupção quando envolve outros partidos políticos.
Os Repórteres Sem Fronteiras recentemente divulgaram um relatório criticando a concentração da mídia no Brasil e recomendando uma reforma nas leis da mídia. Mas ao contrário do que tem acontecido na América Latina, onde governos batalham abertamente contra os críticos da mídia privada, o governo brasileiro adotou uma postura relaxada.
Mesmo se houvesse um esforço neste sentido, seria politicamente impossível, dizem analistas. O relatório do Repórteres Sem Fronteiras detalha as relações próximas entre partes da mídia e membros do Congresso, alguns dos quais inclusive votam sobre concessões das quais são proprietários, especialmente fora das grandes cidades. Para governar o país, Rousseff precisa navegar nas águas complicadas do sistema parlamentar brasileiro e trabalha com mais de 20 outros partidos.
“É um infortúnio, mas para governar este país você precisa de alianças”, diz Mino Carta, editor de CartaCapital, a única publicação que apoia o governo. Vende 60 mil cópias por semana num país de quase 200 milhões de habitantes. Enquanto isso, Rousseff, que foi torturada pela ditadura por suas atividades esquerdistas nos anos 70, tem recebido as críticas da mídia naturalmente, reafirmando periodicamente sua crença na liberdade de expressão.[2]
Tentar construir um órgão de mídia que apresente um ponto-de-vista diferente seria extremamente difícil, diz Carta, por causa da necessidade de verbas publicitárias.[3]
“Seria um objetivo de longo prazo a ser atingido lentamente”, diz o septuagenário nascido na Itália.
A maior parte dos chefes da mídia brasileira dizem que seu jornalismo é neutro e objetivo.
Sergio Davila, editor da Folha de São Paulo, o jornal brasileiro de maior circulação, diz que “quando Fernando Henrique Cardoso estava no poder, seu partido, o PSDB, dizia que éramos do contra e pró-PT”.
Davila aponta para uma reportagem do jornal que mostrou a compra de votos que garantiu a reeleição de Cardoso. “Agora vemos o outro lado da moeda”.[4]
Mas muitos apoiadores do PT enxergam os grandes jornais, inclusive a Folha e o Estado de São Paulo, como anti-Rousseff, assim como a rede de TV e os jornais do dominante grupo Globo.
“A grande mídia sempre defendeu interesses poderosos”, diz Jose Everaldo da Silva, um trabalhador portuário aposentado da região Nordeste, tradicionalmente pobre, que se beneficiou especialmente do governo do PT. “Todos se lembram do que a Globo fez na primeira eleição do Lula”.
Quando Lula primeiro concorreu à presidência em 1989, a TV Globo editou fortemente o debate final com Fernando Collor de Mello, dando a Lula menos tempo e mostrando os melhores momentos de Collor.[5]
As urnas foram favoráveis a Collor, que foi eleito e sofreu impeachment por corrupção.
O episódio foi um dos temas do documentário britânico “Além do Cidadão Kane”.
A Globo mais tarde admitiu ter cometido um erro mas nega ser tendenciosa. “A Globo é absolutamente não partidária. Não opina sobre governos e busca neutralidade em seus programas”, diz um porta-voz. [6]
As estações de TV são relativamente moderadas e fontes mais importantes de notícias que a mídia impressa para brasileiros, muitos dos quais não lêem jornais ou revistas, diz David Fleischer, um cientista político da Universidade de Brasília.
“As estações de TV não atacam [Rousseff] como a imprensa faz”, diz Fleischer.
Em contraste com o que acontece no mundo, o impresso está crescendo no Brasil, com aumento da alfabetização e do consumo. A circulação da Folha cresceu 2% no impresso e 300% online no ano passado.[7]
“Mais diversidade na mídia seria bom para o país”, diz Davila, “Não sei porque não está acontecendo”. [8]
No momento, nem Rousseff nem o trabalhador portuário aposentado [Lula] Da Silva parecem preocupados.
“Todo mundo que viaja por aqui vê claramente que o Brasil mudou. A Globo distorce a verdade, sim. Mas não é tanto assim. Quem se preocupa? Eles podem dizer o que quiserem”, diz [Lula] Da Silva numa entrevista telefônica, e cai na gargalhada. “Neste momento, na verdade, estou assistindo a Globo”.
PSs do Viomundo:
[1] Alguém precisa mandar ao Vincent Bevins, do Los Angeles Times, uma cópia do livro Cães de Guarda, da Beatriz Kushnir, que demonstra que os donos da grande mídia se beneficiaram econômica e politicamente da ditadura militar. Tiveram relações carnais com os ditadores. Não por acaso, o empresário do ramo que se opôs ao golpe faliu.
[2] Não consta que os críticos da mídia brasileira queiram limitar a liberdade de expressão. Pelo contrário, querem liberdade de expressão para além de meia dúzia de famílias.
[3] O nó brasileiro é nó de marinheiro: Globo-BV-agências publicitárias-deputados e senadores concessionários. Concentração de verbas e de poder. Simples assim.
[4] A Folha é aquele jornal que publicou uma ficha falsa da Dilma em plena campanha eleitoral. Na primeira página. Um horror. E que teria exilado o autor da reportagem da compra de votos do FHC, para “dar um tempo”.
[5] Não apenas. A Globo colocou entrevista no Jornal Nacional com a ex-namorada Miriam Cordeiro, que acusava Lula de ter tentado abortar a filha, além de fazer declarações racistas. Isso na semana da eleição. Depois a entrevista foi para a propaganda eleitoral de Collor. A famosa edição do debate foi seguida por uma pesquisa de opinião mostrando que Collor era “o mais preparado”. Para dar um ar de hiper-Macondo à situação, em seguida vem o Alexandre Garcia concluindo que a Globo tinha cumprido seu papel de forma isenta no processo eleitoral. Sem falar no editorial de O Globo – jornal do grupo que mais tarde exilaria a namorada de Fernando Henrique Cardoso na Espanha — dizendo que a população tinha “O Direito de Saber” em relação às acusações pessoais de Miriam contra Lula. Ah, sim, os eleitores não tiveram o direito de saber sobre FHC e Miriam Dutra durante uns 18 anos…
[6] A Globo não transforma bolinhas de papel em mísseis Exocet.
[7] Desde a famosa carta do Rodrigo Vianna, o que cresce 1.000% anualmente no Brasil é o número de pessoas capazes de perceber as grosseiras omissões e manipulações midiáticas, como — lembram-se? — no recente apagão elétrico que devastou o governo Dilma.
[8] Eu sei, Sergio Davila. Não acontece porque todas as tentativas de desconcentrar a mídia são deliberadamente confundidas com tentativas de limitar a liberdade de expressão. Inclusive pela Folha. Mídia concentrada dá mais poder aos barões proprietários, inclusive de definir a agenda política, assassinar o caráter de adversários e extrair concessões governamentais.
http://www.viomundo.com.br/denuncias/laurindo-no-los-angeles-times-midia-brasileira-ainda-reflete-a-elite-escravagista.html 

sábado, 23 de fevereiro de 2013

Tá intendendu” O povo fala, mas o Governo nunca escuta.



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O povo Brasileiro, de varias classes sociais, profissões e culturas diferentes, protesta, fala, sabe o que esta errado, mas por outro lado temos um Governo, uma instituição cara custeada pelo esforço deste mesmo povo, que nunca escuta. Como vai escutar com salários de mais de $ 20.000 por mês, fora ajuda pra gasolina, moradia, ao contrario da população que acorda as 4hs e só consegue chegar de volta lá pelas 10 hs, pra dormir e no outro dia fazer tudo novamente tendo que além de tudo pagar um transporte caro, se espremer e correr riscos pra prosseguir na sua jornada.
Agora mesmo temos um exemplo descarado de que temos um Governo que não representa o povo que votou nele; Mais de 1.000.000 de assinaturas dizendo que Renan não tem condições de ser Presidente do Senado, representar este mesmo povo e eles não levaram as assinaturas a sério, porque além de terem votado em Renan para Presidente do Senado, não tiveram a coragem pra fazer algo baseado nas assinaturas.
Piauí, o Rapaz do vídeo é só mais um cidadão falando a verdade como tantos falaram e estão falando pelo Brasil afora.
Um país onde Governo e povo se tornaram coisas opostas; Senhores e escravos.
Como levar um país deste a serio quando seus governantes que ganham uma fortuna acham normal um cidadão viver com o salario minimo de pouco mais de $ 600; Estão dizendo pra este cidadão que ele tem que se virar pra complementar esta renda, virar camelô por exemplo pra depois ter que correr da policia nas ruas, mandada por este mesmo governo. Quando o cidadão fizer algo mais sério eles o colocam nas cadeias superlotadas,  fabrica de marginais.
E por falar em cadeia no Brasil, tem gente cumprindo pena por ter roubado algo pra comer no supermercado enquanto que muita gente"boa" condenada a mais de 20 anos esta cumprindo a pena em liberdade. Ou seja este deveria ser o simbolo da justiça no Brasil; $$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Arte nas Ruas.


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Arte na Rua!
Porque as pessoas precisam de lugares, “oásis”, na cidade ocupados por artesanato, musica, poesia, para que possam descansar, mesmo que seja por pouco tempo, da sua rotina  diária e conhecer outras formas de arte.
Arte na Rua!
Porque é na rua que a “ coisa” acontece, e as pessoas que fazem arte popular, precisam deste espaço pra sobreviver daquilo que produz.
Na verdade são os loucos das ruas que fazem a coisa acontecer nas cidades pelo mundo, porque eles tem histórias e algo pra oferecer.
A arte estabelecida, muitas vezes enjaulada, domesticada e burguesa nega de inicio este movimento, mas depois acaba fazendo uso dela, pena que a grande maioria dos artistas de rua não conseguem viver tão bem da sua arte como alguns operários da arte estabelecida.Vanderlei Prado.

















Montagem com fotos da feirinha da Teodoro/trechos de video da Rua Augusta antiga e video; TV Augusta-# Street Art(https://www.youtube.com/watch?v=5stmniBjbQE)
Musica: coro/Linux Multimedia Studio( Vanderlei) e parodia de Breaking All The Rules
Peter Frampton da Banda Estação 13; Eduardo : vocal e guitarra
Sérgio: Guitarra e vocal)
Mazinho: baixo
Geraldo: Bateria
Part. especial: Alberto- Japonês (som)
São Paulo teve muitas bandas boas dos anos 80 que não chegaram a ter o seu lugar na midia, Estação 13 é uma destas boas bandas de SP.

"Quebrando Todas As Regras
Nós somos o povo, todo mundo
Da salvação até a queda
Da batalha e do calor
Para o nosso triunfo e derrota"
 Artistas de rua/ Stand By Me

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Noiz é revortado mesmo

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Sim eu acredito em Duendes
Eu acredito no padre Quevedo e também no Sarney
A Terra é redonda
Deus não é Brasileiro
Anjos não tocam mais trombetas
A musica new caipira tá enchendo o saco
A mulher abobora, Jaca, fruta do conde, jabuticaba, acerola, carambola...gabiroba
Amora silvestre cai melhor...
E um vinho
James Browm é o funk, o soul, o blues, o rock e de repente... até o samba
mas este funk dos carros na cidade
este funk...
este funk...
Big Brother...que @#$#@$#@%%7*&% é essa?
Tem gente que assiste esta @$#%$$$#@#$$*7)(&*&¨%$#@!...ainda
Vanderlei Prado












quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Brazil...No problem!!!


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Brazil...caipirinha, mulheres bonitas, futebol, voleibol, Pelé, Ronaldo, Neymar...Michel Teló!!!
Brazil ...o país do jeitinho, das “gambiarras”, mas ao contrario do que muitos pensam, aqui não tem nada de paraíso, tem muitos desastres, tem guerra sim! A guerra não declarada, sem cara, do Brasil deve matar mais que muitas guerras pelo mundo todo. O pior desta desgraça a la Brasileira é que todos os dias morrem pessoas vitimas do transito, do crime, do descaso na saúde e claro, da corrupção que desvia descaradamente parte do dinheiro que deveria ser usado pra melhorar isto.
Esta ultima tragedia no Sul é só mais uma prova desta soma desastrosa de erros, conivências, ilusão e o pior que as pessoas seguirão morrendo porque não vai haver mudanças estruturais de verdade como deveria haver, inclusive na educação e cultura do povo, onde muita gente ainda engole a máxima de que Deus é Brasileiro e se esquece que tem muita gente despreparada por aí responsável pela sua segurança. Eu costumo andar com um canivete suíço na mochila e sempre procuro olhar para os vidros dos trens lotados para descobrir onde abrir, arrebentar em caso de tudo sair errado nestas verdadeiras latas de sardinhas em horário de pico. Alguém já parou pra pensar se pega fogo rápido em um vagão do metro lotado as 6 da tarde? O panico, a possível falta de luz, a fumaça toxica...E tudo isto no subterrâneo. Deve haver no metro um bom plano de segurança, mas mesmo assim com o tanto de pessoas que nestes horários não conseguem se mover é preciso pensar em um plano B, ou até um C.
Com a história do lucro e a competitividade estar acima de tudo, tem muita gente despreparada apertando parafuso por aí, a terceirização da terceirização; Muita gente ganhando pouco e trabalhando muito, o resultado no final não pode ser bom.
Os aviões levam cada vês mais pessoas, mas até hoje não inventaram um sistema seguro pra quando não tiver jeito e ele for despencar mesmo. Eu que não entendo nada de avioẽs já pensei em um enorme paraquedas, com material resistente, ou hélices como de helicópteros para sustentar uma descida, ou até turbinas extras jogando o ar pra baixo...Sei lá eu, mas tem gente inteligente o suficiente pra inventar algo porque lá em cima não existe acostamento e quando um avião cai são 300, 400 pessoas mortas.
Fora tudo isto, existe a questão politica, burocracia, muitos ganhando altos salários e outros salários de miséria, muitos que deveriam pensar nestas coisas dia e noite, não fazem nada. Aí a gente pergunta novamente...Quanto ganha um vereador, Deputado Estadual, Federal, Senador, Ministros e milhares de secretários e seus ajudantes.
Este país não tem problemas, o "POBREMA" deste país é a politica que vive dos problemas.
Vanderlei Prado

O povo não merece

As suas palavras 
Não correspondem
Com as suas atitudes


As suas belas palavras
Não correspondem
Com as suas atitudes


E você diz que aqui
É o paraíso
E você diz que aqui
Não há miséria
Que aqui não existe 
Guerra
E que Deus 
É Brasileiro


O povo
Não merece
Ficar trancado em casa
Levar bala de graça
Pagar imposto...e...
Cadê o gerente


O povo
Não merece
O povo
Não merece
O povo não merece o país do futuro no presente
Se nem o futebol não pertence mais a gente
O povo
Não merece
O povo 
Não merece Vanderlei Prado

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

A tragédia em Santa Maria

Os depoimentos sobre despreparo para lidar com a emergência

Por Murilo de Toledo Tiecher, no Facebook
e que fique registrado!
eu fui uns dos 50 primeiros a sair, no inicio do tumulto tentaram segurar as portas com os seguranças e manter as pessoas ali pra que nao saíssem da boate! nao sei se pensavam que era uma briga e nao queriam q saissem sem pagar! soh depois que a multidao derrubou os seguranças eh que viram a merda que fizeram
todo mundo viu isso ai
http://www.viomundo.com.br/voce-escreve/os-depoimentos-sobre-despreparo-para-lidar-com-a-emergencia.html 

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

A palhetada ninja de Helena Meirelles/ Viola Made in Brazil


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A musica faz o seu proprio caminho como se fosse um mundo paralelo. Se os USA tiveram Robert Johnson, o Brasil teve Helena Meireles, pessoas que viveram em um nível acima, autenticas. Helena Meireles em uma de suas entrevistas disse que gostava de tocar na Zona( puteiros), quantas pessoas no mundo tem a coragem pra falar e viver aquilo que sente? O que continua sendo estranho no Brasil é que se ela não fosse descoberta por causa de uma fita enviada para os USA por seus parentes, poucas pessoas teriam ouvido o seu trabalho. O que acontece com a maioria das pessoas no Brasil, ou melhor da mídia que não consegue enxergar as coisas que tem de melhor? Tem que esperar que artistas originais, raros como Helena sejam primeiro aceitos no exterior pra que aí sim, sejam aprovadas pela mídia brasileira.
Ela só foi acontecer pra maioria das pessoas depois dos 60 anos, mas ela já tinha muita estrada antes disto.
Foi eleita uma das maiores e originais violeiras do mundo, pela Guitar Player...É pouco isto?
Caso tenha alguma duvida pegue um instrumento, viola, violão ou guitarra e tente fazer a palhetada ninja que ela fazia sem imitar nada. Muitos marmanjos do Heavy ou trash gostariam de ter esta precisão.























Helena Meirelles- Chuita

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Bem Vindo ao Brasil Ling Ling


Saí pra tentar vender anéis de resina, artesanato pra quem revende e percebi que a coisa esta pior do que eu pensava; Agora nem loja de artesanato existe, nem as que misturavam um pouco a mercadoria. É só loja com produtos da China na grande maioria...E o pior é que isto esta acontecendo em quase todos os setores. As cidades estão virando lugares de despejo de mercadorias da China de todos os tipos. O que sobra pro Brasileiro, fora trabalhar indiretamente pra Chines é o sub emprego de todos os tipos.

http://wanderart.blogspot.com.br/2011/06/chinesizacao-da-economia-do-brasil.html
http://rgrlogistica.blogspot.com.br/2012/12/ha-3-bilhoes-de-asiaticos-procurando.html


sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Pedalando e catando latinhas no ano novo


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2012, para nós do artesanato de rua de SP, artistas e artesãos que não conseguem espaços em feiras de jeito nenhum e que portanto não tem a permissão da Prefeitura para trabalhar legalmente em nenhuma parte da cidade, foi um ano muito ruim, como estar em um outro tempo,outro país, nas épocas de perseguições, ou até mesmo na época da Ditadura Militar. Tivemos um Prefeito ditador, péssimo paras as questões sociais, para as artes de rua. Muitas vezes quando não havia lugar para trabalhar, nenhuma possibilidade de melhora e  eu tinha que escapar da Policia pra tentar a sobrevivência, garantir o minimo, eu lembrava cenas de terror, de filmes que assisti sobre a época do nazismo, onde quem saiu vivo teve que lutar muito e fazer”magica” para não ser pego. Claro que o que aconteceu com os artesãos aqui em SP comparado ao sofrimento e aos massacres durante a segunda guerra mundial não é nada, nem uma garoa fina comparado com aquilo , mas foi um ano muito pesado com um Prefeito tratando tudo o que ele considerava ilegal e não conhecia como caso de policia. Mesmo na rua Augusta, reduto alternativo, underground, a coisa era pesada, com a GCM e a PM fazendo rondas e terror pra cima de quem tentasse vender alguma coisa. Fora isto tivemos que brigar pelo espaço que improvisamos, um degrau de uma loja, quando fechava, com grupos de ambulantes, “zumbis”, moradores de rua e até outras coisas mais pesadas na madrugada
Ultimo dia do ano, nas ruas as pessoas já estavam no espirito de virada de ano, com muitas festas. Eu não sabia o que ia fazer no dia 31, principalmente por não ter dinheiro algum, apenas para o básico. Fui convidado para uma festa na casa de familiares e a outra opção seria ouvir fogos e gargalhadas das festa dos outros, os vizinhos. Já passei esta data de varias formas, festa de família, no meio de multidões de branco na beira da praia desviando a cabeça pra que um rojão não me acertasse, tocando violão perto da fogueira em Jericoacoara ou mesmo dormindo. Um ano que passei em Fortaleza na beira mar no meio de milhares de pessoas empolgadas, a minha namorada na época me perguntou o que eu ia fazer quando o ponteiro do relógio desse inicio ao novo ano; Eu disse que nada e depois fiquei pensando nesta coisa, da expectativa, da loucura, sair gritando, buzinando, nadar pelado no lago gelado entre tantas coisas e cheguei a conclusão que eu devo ser algum tipo de idiota sem graça, nunca planejo ou faço algo estranho demais, surpreendente pra depois ficar contando o ano inteiro. Desta vês igual, com apenas uma diferença, sem namorada, mulher, amigos, nada, somente tive uma ideia de ultima hora pra não ter que ficar fritando o cerebelo vendo festa dos outros pela televisão e ouvindo a festa do lado de fora estourando por todas as casas; Peguei a bicicleta, mochila e comecei a pedalar, no começo ainda no meu bairro sem direção depois tracei um plano de viagem na direção de Ribeirão Pires uma cidade da região, pequena e com cara de interior, já perto da Serra do mar.Uma cidade bonita e tranquila, com muitos bares, vida noturna,então pensei... Deve ter uma grande festa de rua lá. De Santo André até Ribeirão deve ter uns 20 Kms, fui indo e quando encontrava alguma latinha vazia de cerveja, pegava, amassava, colocava na mochila e seguia. Fui pedalando sem pressa, vendo todo o clima de festa de outro modo, os carros indo com pessoas empolgadas, muitas de branco, algumas casas preparadas com as pessoas vestidas, taças, cervejas, um clima bom. Segui pela avenida que na verdade se parece mais com uma grande estrada, em dias normais, de dia sempre esta lotada de caminhões porque tem muitas industrias na sua margem e é rota de ligação de SP com toda a região e baixada Santista. Fui seguindo,nenhum louco pedalando, fora eu, passei por Mauá e no trecho das grandes fabricas que estavam fechadas, dava pra ver vês ou outra um vigia solitário, parecia estar estranhando tudo quando olhava pela cabine pra fora; “Is there anybody there”???. Cruzei com uma das entradas do Rodoanel, fiz uma rápida parada para o banheiro debaixo do viaduto totalmente vazio, enorme, muito espaço, terra vermelha amassada; Um ótimo lugar pra uma grande festa com tochas, fogo, uma banda tocando algo mais nervoso de Niel Young , Stones, Punk Rock, caipirinha, todos os amigos que estão espalhados pelo planeta, os que já partiram também e claro muita mulher bonita sem frescura, que não fique falando de Shoppings, dividas do cartão, carro novo, simplesmente Rock' N Roll! Tudo isto veio na minha mente nestes poucos minutos de uso deste enorme banheiro sem nenhum sinal da presença humana. Hora de partir, novamente na bicicleta, mais algumas latinhas pelo caminho, deixadas pelo pessoal dos carros, algumas já muito amassadas, passei por Mauá e fui pedalando na direção de Ribeirão Pires onde eu imaginava que estaria lotado de pessoas na Praça e que teria a tradicional contagem do tempo, muita musica, seria o meu ponto de parada pra descansar e fazer parte daquilo, tomar algumas cervejas conversar com desconhecidos que poderiam se tornar amigos e recolher algumas latas vazias. O caminho teve trechos escuros, em algumas partes tive que fazer malabarismos pelo espaço dividido com buracos e o rio do outro lado, em algumas partes de calçada muita estreita tinha poste bem no meio e acabei quase batendo em um deles, fora as grandes subidas que com uma bicicleta sem condições de fazer o que eu estava fazendo( a catraca e corrente muito gasta, pula bastante) começou a ficar difícil estas subidas de mais de 500 metros, mas depois tinha a descida, a recompensa, a festa.
Cheguei por fim em Ribeirão Pires, depois de duas horas de pedaladas, cruzei os trilhos da velha estação de trem e pra confirmar mais uma escolha errada, entre as milhares que se somam por varias décadas, não tinha nada, tudo vazio, sem festa, sem bar aberto; “Is there anybody there”??? Nada, somente alguns cachorros, um ou outro bêbado e algum casal solitário. Uma volta pela cidade fantasma, mais algumas latinhas pelo caminho pra se somar e completar a minha meta de pelo menos 70 latinhas, o que me daria a fortuna na venda de $ 2,20 e decidi voltar tudo pedalando e talvez parar em Mauá se tivesse algo de festa na rua. Uma grande subida pela frente, mais uma descida e uma parte plana com muito verde dos dois lados, terra vermelha, alguns sítios e chácaras com luzes e pessoas esperando dar 24 hs,as vilas distantes com alguns fogos e de repente tudo explodiu, percebi pelos gritos e os fogos, agora muito mais forte que havia chegado o novo ano. Atravessei com a bicicleta para o lado esquerdo da pista, havia uma grande maquina, escavadeira de terra parada, abandonada pelo menos por estes dias de festas, terra mexida, um rio quase encoberto pela vegetação e uma estrada de terra indo no meio do mato pra lugar nenhum. Ali me pareceu o lugar perfeito e totalmente fora dos padrões normais pra alguém estar passando a virada do ano, bom para escutar e ver os fogos. O lugar na verdade lembrava locais onde abandonam pessoas mortas, assassinadas, carros roubados, mas não tinha nenhum sinal de algo ruim, nenhuma presença estranha, pelo contrario um lugar muito bonito a noite. Parei com a bicicleta, do lado da maquina e do rio. Havia um grande circulo sem vegetação, limpo pela maquina e dele seguia a estrada de terra batida, estreita, para o mato. Os fogos estouravam de vários lados , longe e dava pra perceber pelas luzes que os focos eram de varias comunidades, vilas. Apesar de eu não ter o mesmo fascínio que a maioria das pessoas tem por estes brinquedos, o jeito e a distancia que estouravam, se intercalando, se juntando, vários sons distantes, depois tudo no mesmo tempo, parecia uma orquestra, com um solo do trem que cruzava cheio de luzes e apitando, vindo de São Paulo para Ribeirão Pires, um concerto para 2013. Fiquei parado olhando e ouvindo tudo aquilo e de repente percebi que naquele momento eu estava no melhor lugar, não precisava de nada, só havia conseguido sentir isto quando viajei por muitos dias em estradas de Minas Gerais ou pelo deserto do Atacama no Chile. A única coisa que me passava pela mente, fora este bem estar, sem ansiedade, sem abraços, palavras, sem copos, salgados, carne, euforia era a lembrança dos amigos e pessoas da família, também das pessoas que já morreram, mas isto também veio de uma maneira leve e desejei sorte pra todos e seguimos na contemplação, porque também havia uma sensação de estar acompanhado ali, o contrario de algumas vezes no meio de um monte de gente que eu procurava um outro canto pra sair um pouco pois não estava conectado com as pessoas. Mais um pouco de fogos e apareceu um monte de gente e crianças de branco na beira da estrada, devem ter saído de uma chácara, gritando feliz ano novo para os carros que passavam.Entrei mais pra dentro da estrada e fiquei até os fogos ir parando. Olhando ao redor, percebi que havia um morro e em cima uma pequena Igreja, quase tampada pela mata. A Igreja se não estou enganado deve ser a Igreja do Pilar de Ribeirão Pires; Uma Igreja pequena e simples mas com grande significado para muitas pessoas e turistas que a visitam e pra mim agora todo este lugar junto com a igreja virou um local magico, sagrado, não teria como eu planejar tudo como aconteceu, tudo foi perfeito, mesmo sem pessoas, gargalhadas, copos e promessas, sem aquela pessoa especial que toda mundo quer ter ao lado nestas horas, desta vês nem nisto eu pensei.
Depois de um bom tempo resolvi pegar a estrada de volta pra casa, pegando latinhas, passando ainda por Mauá e por fim chegando a Santo André as 3 hs da Manhã com quase câimbra e umas 70 latinhas vazias de cerveja. Quando sai nesta pequena viagem eu não tinha ainda um plano traçado, um trajeto, só queria fugir um pouco das festas dos vizinhos e pegar algumas latinhas, mas aquilo foi se tornando uma das melhores partes com significado da minha vida. Pedalar 40 Kms não é nada, tem muita gente que faz muito mais que isto todos os dias, mas o importante é que esta “viagem”funcionou, como abrir mais uma vês aquela porta que esta ali, mas a gente acaba esquecendo, um tipo de encontro com você mesmo pra realmente mudar mais uma vês aquilo que não esta funcionando e fazer a sintonia com o que é mais importante; A vida, a liberdade. Nós perdemos muito tempo fazendo coisas e justificando atos e convenções sociais na maioria das vezes por medo mesmo porque o caminho da verdadeira satisfação, a sua, não a dos outros ou a que indicam pra você a vida inteira não é uma coisa assim tão fácil, mas ...Eu gosto disto, como aquela musica dos Stones; "It's Only Rock'n Roll (But I Like It)"
As latas que consegui, 70, $ 2,20... A parte pratica desta viagem, materialista, financeira é só mais uma história minha de fracassos neste lado necessário da vida. Eu teria que ter ido na verdade pro centro de São Paulo, onde os “profissionais” das latinhas enchem vários sacos com tanta gente bebendo. De qualquer maneira tudo é uma questão de aplicação de matemática; Se você conseguiu 70 latinhas então pode trabalhar muito mais e pegar 7000, depois consegue um caminhão e começa a comprar algumas toneladas explorando pessoas"escravos" que pegam pra você e vender pras grandes recicladoras de alumínio. Ou melhor ainda, juntar algum dinheiro pegando latinhas e investir nas ações das Empresas dos “Grandes Catadores de Latinhas S/A”...
Feliz Ano Novo
Vanderlei do Prado

Fotos/ Google
O trecho foi feito a noite as imagens deste trajeto são de dia porque peguei no mapa do Google, o viaduto por exemplo, "salão de festas" estava bem melhor que esta imagem, maior.
Ponto de partida/minha casa a esquerda
Trecho em Maua











 Grande sala de festas, a noite é mais bonito
Maua











Estação de Ribeirão Pires














Subidas de Ribeirão


Calçada com poste bem no meio

http://www.ribeiraopires.sp.gov.br/interno.php?id=359
http://ribeiraopires.fot.br/Historia/001-PILAR_PARTE_02.htm

 Local onde parei a noite. Depois da ponte entrei pra dentro do lado do rio, era tudo terra e tinha uma escavadeira. Estas fotos que peguei do mapa do Google são de 2011 ou a Prefeitura esta tirando tudo isto que não tinha quando estive lá a noite do dia 31, estacionamento, calçada, vou verificar isto ou algo de estranho aconteceu neste lugar.
09 de janeiro de 2013- Voltei ao lugar e na verdade esta havendo uma obra ao lado do estacionamento. O lugar é o Morro de Santo Antonio, um mirante e não a Igreja de Nossa Senhora do Pilar.
Todos estes lugares valem a pena serem visitados, principalmente pra quem gosta de fazer pequenas viagens de bicicleta. Se a pessoa estiver preparada pode ainda esticar para Rio Grande da Serra, Paranapiacaba, ou até mesmo descer para o litoral. Esta parte já exige mais de quem resolver esticar a viagem. Precisa  ter tempo, preparo fisico e equipamento

  Entrevista da Rita Lee na Globo em 2009 https://www.youtube.com/watch?v=EXLb4SLvLEg https://www.youtube.com/watch?v=tdSWaYRexeU   https://...